Pandemia, atraso nas reformas, paralisia nas privatizações e ineficácia estatal estão entre os motivos que empurraram o Brasil para a beira do abismo das contas públicas. O rombo é gigantesco e seus efeitos, inevitáveis. Nesse contexto, o ministro Paulo Guedes dá a cada dia mais sinais de que seu ciclo está chegando ao fim. Há quem credite a permanência de Guedes à dificuldade de encontrar um substituto que acalme o mercado. Pois ele está mais perto do que parece. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, se afirma como uma das vozes mais lúcidas de Brasília. Liberal convicto, consegue atravessar a difícil ponte entre o ideal da teoria e o possível imposto pela realidade. Seja em relação à pandemia ou às contas do governo, Campos pede passagem para protagonizar desafios maiores.
E se além de Guedes, Jair Bolsonaro tiver a coragem de trocar também o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, aí sim o Planalto ganhará uma nova dose de oxigênio. Quando falo em troca, me refiro a vozes mais moderadas. Elas existem. Só precisam ser ouvidas.