Ex-ministro, ex-prefeito e parlamentar conhecido em todo o Brasil, Osmar Terra está na UTI. Ele é mais um dos milhões de infectados pelo coronavírus no Brasil. O primeiro a se dizer – e talvez o mais importante – é que torço para a pronta recuperação dele. Acompanho sua trajetória há muitos anos e sou entusiasta de um programa liderado por ele, o Primeira Infância, que virou referência dentro e fora do país.
Mais recentemente, porém, Osmar Terra se notabilizou por defender posições, a meu ver, equivocadas sobre a covid-19. Minimizou a doença, estimulou a circulação de pessoas quando o contágio avançava e defendeu tratamentos até hoje não comprovados cientificamente. Por isso, quando contrai a doença e precisa ir para a UTI, Osmar Terra tem todo o direito, como qualquer ser humano, a controlar e escolher quais informações serão ou não divulgadas, desde que não haja mentiras envolvidas. Mas é aí que entra o mas. Por tratar-se de um homem que optou pela vida pública e por defender as posições que defende em relação à covid-19, as informações sobre seu estado de saúde ganham uma outra dimensão e, por isso, cabe aos jornalistas buscá-las e, sempre que as obtiverem, submetê-las à opinião pública, de forma responsável e com absoluta precisão.
Resumo do resumo: Osmar Terra tem todo o direito a divulgar apenas o que julgar pertinente. O jornalismo tem o dever de divulgar o resto. E não há motivo para brigas ou tensão. Essa é a essência do processo democrático. De resto, fica a torcida para que Osmar Terra saia logo do hospital, renovado por mais essa experiência em sua bagagem de homem público.