A projeção é baseada em dezenas de conversas e de informações: a se confirmar a nomeação de Carlos Bulhões para reitor da UFRGS, as reações serão fortes. Bulhões é o terceiro colocado na eleição interna da universidade e sua indicação quebraria a tradição de indicar o primeiro, no caso, o atual reitor, Ruy Oppermann.
Interlocutores próximos ao Ministério da Educação dão como certa a nomeação de Bulhões, o mais alinhado com as ideias bolsonaristas, ainda nessa semana. Greves, manifestações e mobilizações são alguns dos movimentos esperados pelos defensores da tese de que a universidade deve ter autonomia para escolher o seu reitor, cabendo ao presidente da República apenas chancelar o desejo da comunidade acadêmica.
O governo Bolsonaro tem, desde a sua posse, qualificado as universidades públicas como focos ideológicos de esquerda. Por isso, é improvável que desperdice a chance de escolher um reitor afinado com o Planalto. Mais do que isso: uma eventual reação reforçará o discurso de que as universidades federais fazem oposição ao governo. Uma armadilha que, hoje, parece inevitável. O deputado Bibo Nunes, padrinho político de Bulhões e aliado de Bolsonaro, resume o tom da disputa: "Quem quiser escolher o reitor, que faça 58 milhões de votos", alfineta.