Tudo se resume a uma palavra: adesão. Tanto faz quais sejam as medidas adotadas pelas autoridades. Se pessoas, entidades e empresas não comprarem e ideia, vai tudo por água abaixo. É uma possibilidade ruim, mas que ganha corpo, com o surgimento de movimentos pregando desobediência que têm entre seus integrantes cidadãos inconformados com o fechamento de lojas e as restrições ao ir e vir das pessoas – um atentado à liberdade, consideram.
Recebi, no final de semana, uma quantidade considerável de mensagens defendendo a desobediência civil. Não foi uma, nem duas. E de pessoas esclarecidas e com projeção social, legitimamente preocupadas com os danos que a crise econômica está gerando e vai gerar ainda mais, inclusive na saúde das pessoas. Por enquanto, são apenas palavras. Mas elas são um sinal de alerta.
Se a insurgência prosperar, o governador Eduardo Leite e o prefeito Nelson Marchezan estarão diante do maior dilema das suas carreiras políticas. Ceder seria terrível, porque a conta dos mortos pela covid-19 cairia no colo deles ali adiante. Não ceder também seria péssimo, porque implicaria na escalada de um conflito que não interessa a ninguém, mas talvez seja necessário.
A melhor solução, infelizmente, parece cada vez mais inviável. Sentar e conversar. Convencer e se deixar ser convencido. Compreender a posição de cada e um e a necessidade de políticas que levem em conta o todo. O atual acirramento de ânimos, porém, aumenta a gritaria e fecha os ouvidos. A tal ponto que a proposta de um diálogo desarmado, responsável e solidário soa como utopia e ingenuidade quando, na verdade, é o caminho pelo qual os danos serão menores.