Já que é para ser contra, vou ser contra quem é contra. É a suprema e necessária contradição. Necessária, porque resumir uma identidade à oposição é, além de inútil, um erro. Só alimenta e empertiga o outro lado. Eu, por exemplo, sou contra os extremos. Mas, para que isso faça sentido, preciso ser a favor de alguma coisa. No meu caso, da moderação e da conversa, mesmo que às vezes eu tenha vontade – e eventualmente o faça – de levantar o tom da argumentação. Sou a favor dos a favor, com algumas licenças poéticas. Baratas, por exemplo. Para ser contra as baratas, não faz falta ser a favor do inseticida, se é que faz algum sentido.
Por sua coerência, combatividade e profundidade, o recém-fundado – por mim –movimento Anti-anti merece a minha simpatia. Vou mandar fazer faixas, camisetas, canecas e um logo impactante, passaporte para a viralização digital. Minha tela-bandeira de Instagram vai ser uma gravura do Escher, daquelas sem começo e sem fim, mas muito bonitas.