Jair Bolsonaro disse ontem que o general Eduardo Pazuello ficará muito tempo na Saúde. Tudo leva a crer que sim. Depois de trocar dois ministros em um mês, o presidente encontrou um jeito criativo de evitar uma nova – e provável – crise. Ao deixar o segundo da hierarquia no comando da pasta, o presidente evita ter de demiti-lo. Bastará nomear um novo titular em caso de desavença, ciúmes ou indícios de falta de humildade, devolvendo Pazuello, sem traumas, ao cargo que ocupava antes. Seria uma boa ideia para o resto do governo: todos os ministros interinos, com menos poder e a lembrança permanente de que são ainda mais provisórios do que os desnecessários titulares.
No caso da Saúde, há ainda um plus. Bolsonaro não precisará aguentar mais as provocadoras entrevistas de ministros que também são médicos e que, por isso, tratam a cloroquina com cuidado e, mesmo desafiando o topo do Olimpo, defendem o isolamento social.
Não discuto aqui os méritos do general Pazuello, que certamente são muitos. Não há no que criticá-lo – muito antes pelo contrário – por querer ajudar o país quando convocado e, ainda por cima, em uma missão extremamente complexa . Pondero apenas que, em meio a uma crise sem precedentes, seria mais conveniente, do ponto de vista da saúde pública, ter na liderança do principal ministério de combate à pandemia um titular com força e absolutas condições para tomar decisões e trabalhar.
Mas Bolsonaro deve estar feliz com sua escolha. E tranquilo. Finalmente, ele tem certeza de que entende mais de cloroquina do que o seu ministro. Ministro interino, sempre é bom lembrar.