Apesar de ser ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello tem agido com desenvoltura de titular. Tanto que já nomeou 17 militares de alta patente em cargos de confiança na cúpula da pasta – nove deles apenas na última segunda-feira (18).
Pazuello chegou para ser o número 2 do Ministério da Saúde na mesma época que Nelson Teich, o médico que acabaria se demitindo um mês depois de assumir. Só que o general não foi escolha do agora ex-ministro. Foi colocado lá pelo presidente Jair Bolsonaro.
Fontes das Forças Armadas confidenciaram a GaúchaZH que os motivos são dois: a confiança que Bolsonaro tem em seus colegas militares e a desconfiança do presidente na rotina de uma pasta ambicionada por seus contratos milionários, sobretudo os emergenciais, que proliferaram com a pandemia.
Pazuello seria o homem a vistoriar os contratos, enquanto Teich se entenderia com os médicos. O ministro deixou o cargo e agora o general dá as cartas, até por ter ficado ao lado de Bolsonaro em temas nos quais Teich discordava do presidente — como as medidas de isolamento social e o tratamento com cloroquina.
O general Pazuello é carioca e se formou, como Bolsonaro, na Academia Militar das Agulhas Negras. Concluiu o curso em 1984, como oficial de intendência. No Exército, ele comandou o 20° Batalhão Logístico Paraquedista e dirigiu o Depósito Central de Munição, ambos no Rio. Como general, comandou a 12ª Região Militar, em Manaus.
Não tem qualquer formação na área de saúde e é considerado um especialista em logística. Ele realizou o curso de Comando e Estado-Maior no Exército, o curso de política e estratégia aeroespaciais, na Força Aérea Brasileira (FAB), e exerceu como general a assessoria de Planejamento, Programação e Controle Orçamentário do Comando Logístico do Exército.
Foi também comandante da Base de Apoio Logístico do Exército e da coordenação logística das Tropas do Exército Brasileiro empregadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Foi por suas diversas passagens pelo Rio que chamou a atenção do então deputado federal (hoje presidente da República) Jair Bolsonaro, cuja base eleitoral é naquele Estado.
Em 2018, Pazuello, já na Amazônia, coordenou a Operação Acolhida, força-tarefa montada em Roraima para receber imigrantes venezuelanos, numa das maiores crises humanitárias registradas na América. Lá ele virou uma espécie de coringa, tanto que virou secretário da Fazenda em Roraima, quando aquele Estado sofreu intervenção federal. Ocupou o cargo de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019 e, graças aos laços com o governo federal, conseguiu regularizar o pagamento dos servidores públicos, que estava em atraso.
Pazuello é o 10º ministro militar de Bolsonaro, que também tem como vice um general, Hamilton Mourão. O general está na ativa e deve passar à reserva somente em 2022.