Luiz Henrique Mandetta disse, ao Fantástico, que o povo fica confuso porque não sabe se ouve "o ministro ou o presidente". Não é ele, Mandetta, que o povo deve escutar, mas sim um gigantesco e uníssono coro de cientistas, especialistas e de pessoas com bom senso espalhadas pelos quatro cantos do planeta – do qual nosso ministro faz parte.
Mesmo se a dúvida fosse apenas essa, eu não pensaria duas vezes: entre o médico e o leigo, fico com o médico. Ainda mais quando o leigo é Jair Bolsonaro, clinicamente paranoico e compulsivamente destrambelhado. O ministro não precisava desse contraponto direto com o chefe. Optou por fazê-lo, acredito, de propósito. Poderia ter chamado para o seu lado os maiores médicos, a Organização Mundial da Saúde e até Donald Trump.
O ministro sabe que seus dias no governo estão contatos e parece cansado do desperdício inútil de energia com enfrentamentos internos. Quando Mandetta deixar Brasília, sobrarão convites para continuar na sua missão de não abandonar o paciente. Só não pode, a exemplo de Bolsonaro, deixar que a política fale mais alto nessa hora.