Surge, com força, o argumento de que o confinamento das pessoas em casa quebrará a economia. É justamente o contrário. Se todo mundo pegar a Covid-19 ao mesmo tempo, aí é que quebra. E rápido, daqui a mais ou menos um mês. E não só a economia, porque o tecido social também tem seu limite de estresse antes de se romper.
Recebo de amigos textos, vídeos e áudios com teses bem articuladas falando sobre preservação de empregos e bicicletas das quais a gente cai se parar de pedalar. Todos bem intencionados, mas equivocados, inclusive economicamente.
Os prejuízos são inevitáveis. E serão grandes. A escolha não é essa. A escolha é se queremos um colapso ou um processo mais suave e, por isso, mais fácil de administrar. Se não ficarmos em casa, em vez de parar a bicicleta, mergulharemos com ela, em alta velocidade, em um abismo profundo.
As teses da prioridade econômica sobre o confinamento partem de um pressuposto errado. De que é possível manter a economia girando. Não será, se tivermos milhões de infectados ao mesmo tempo, turbulências nos presídios e corrida aos supermercados e farmácias.
Nessa hora, muitos dos ditos patriotas deveriam deixar sua onipotência de lado e acreditar em quem conhece o assunto. Sim, obedecer humildemente a quem estuda e tem autoridade. É hora de ficar em casa. Depois, quando passar, haverá tempo e energia para reconstruir. Quanto menor for o dano, mais rápida será a retomada.