O bispo da diocese amazonense de São Gabriel da Cachoeira, dom Edson Taschetto Damian, 71 anos, gaúcho de Jaguari, desembarcou ontem em Roma com a missão de levar as pautas da diocese mais indígena do Brasil ao Sínodo da Amazônia, que acontece no Vaticano entre 6 e 27 de outubro. O Papa Francisco se reunirá com os bispos da região, que se estende por nove países, debatendo evangelização e preservação ambiental.
Dom Edson, que é bispo há dez anos e missionário desde sempre, coordena uma diocese composta 90% por indígenas de 23 etnias e que falam 18 línguas. O religioso gaúcho pretende levantar três discussões: fazer a defesa da Teologia Índia, que consiste em respeitar a maneira como esses povos se relacionam com Deus, uma maior inserção na liturgia da Igreja – especialmente nas celebrações de missas e na catequese – de danças e cantos indígenas, e pedir que as mulheres também possam ser ordenadas diáconas.
O bispo, que trabalhou em várias dioceses pelo RS, considera que o Sínodo representa um momento histórico, "já que a Amazônia está sendo destruída em diversas frentes", diz. Para dom Edson, o papel da Igreja Católica na defesa da região é fundamental. "Nós somos Terra, árvores, águas. Tudo está interligado. Como dizia a Irmã Dorothy Stang, a morte da floresta é o fim da nossa vida".
A realização do Sínodo provocou críticas em setores militares e do governo Bolsonaro. A preocupação é de que as possíveis conclusões do encontro interfiram na soberania brasileira sobre a Amazônia.
*Produção: Tatiana Bandeira