Primeiro, a França e outros países europeus tiraram proveito político das queimadas no Brasil. Foram doses substanciais de declarações inflamadas e de demagogia interna. Depois, só depois, se preocuparam em oferecer ajuda. Nada impediria que tivessem feito o contrário. Dar dinheiro e apoio para resolver o problema e, encaminhada o solução, analisar causas e responsabilidades. Nesse caso, a ordem dos fatores altera o produto.
Não minimizo ou desqualifico o fato de termos um grave problema ambiental no Brasil. Também avalio que o governo brasileiro demorou para agir. Emmanuel Macron anteviu. Ao usar bravatas em vez de argumentos, Bolsonaro deu a ele ainda mais protagonismo. Aos olhos do mundo, o presidente francês saiu do embate maior do que entrou. O brasileiro, não.
Por outro lado, tenho certeza de que a preocupação de líderes europeus com a Amazônia é extremamente positiva – para eles mesmos. Ao apontar os dedos em riste para uma causa popular e praticamente sem opositores, angariam prestígio e legitimidade, além de desviar a atenção dos seus problemas internos. O compromisso com a Amazônia existe, mas não vem em primeiro lugar. É assim que funciona a política, na imensa maioria das vezes.