Gafe em inglês é coisa chique. Nas férias, me aventurei a jogar na República Dominicana. No segundo buraco, me perdi. Fui parar em lugar onde não deveria estar, em um outro campo. Dei de cara com dois ingleses. Obedecendo à etiqueta do golfe, parei perto do ponto da tacada inicial, esperando a minha vez.
O primeiro jogador se aprumou e fez o movimento aparentemente perfeito. Só que praticamente errou na bolinha, que saiu quicando e parou poucos metros à frente. O segundo jogador também deu uma tacada torta. Foi quando resolvi exercer todo o meu poder de simpatia. Fazer amigos é a minha especialidade.
Ao passar por eles, me dirigi ao mais velho: “não se preocupe, sou tão iniciante quando você, compreendo perfeitamente o que aconteceu”. Jurei que eu tinha agradado. O britânico sorriu. Não havia hostilidade ou reprovação no seu olhar. “Eu jogo há 20 anos”, me disse.
Percebendo o meu constrangimento, meu novo ex-friend desferiu seu golpe de misericórdia. Da maneira mais simpática do mundo, emendou: “É que estou acostumado a jogar na Inglaterra, com chuva, e esse sol aqui me atrapalha”. Rimos os dois. E pra terminar de me afundar, a única coisa que me ocorreu dizer foi: “o que importa mesmo é estar aqui se divertindo”. Não me causaria surpresa se ele continuasse: “se divertindo, de preferência, de boca fechada”. Nada disso. Ele sorriu, concordou.
Eu entrei no meu carrinho e dei um jeito de me perder de novo.
Dessa vez, pro outro lado.