Viralizou, faz algum tempo, o vídeo do vice-presidente, Hamilton Mourão, dando “bom dia” durante uma cerimônia no Colégio Militar, em Porto Alegre. Há edições diferentes da mesma cena. Minha favorita mostra gatos fugindo, assustados, depois de ouvir a saudação enérgica, firme e impositiva (veja abaixo). O general não dá bom dia. Ele manda que tenhamos todos um bom dia.
Ainda durante a semana, o Potter e a Kelly Matos reproduziram o áudio ao próprio Mourão, que concedeu entrevista à Rádio Gaúcha. Mesmo sem a imagem, tive a nítida impressão de que o general deu aquele leve sorriso com o canto da boca ao se ouvir dando o “bom dia” que invadiu os grupos de WhatsApp Brasil.
O sucesso do vídeo é mais do que uma onda superficial da internet. Há nesse fenômeno uma outra leitura, que ultrapassa as fronteiras da memelândia. Nós, brasileiros, estamos carentes de autoridade. Por isso, ouvir o general com voz firme nos desperta de um certo torpor. Nos remete a uma sensação de segurança e de conforto. E, quando os gatos fogem, na minha versão predileta, se resgata a convicção de que a autoridade – bem diferente do autoritarismo – pode e deve ser exercida em nome de um simples, reconfortante e merecido “bom dia”.