Quando se fala em indicações para o STF, o nome do ex-juiz e hoje ministro Sérgio Moro encabeça quase todas as listas de apostas. Figura proeminente do governo Bolsonaro e herói da Lava-Jato, Moro terá um grande obstáculo se quiser mesmo, um dia, integrar a Suprema Corte.
As indicações de novos ministros do STF precisam passar pelo Senado. Lá estão representantes de boa parte dos partidos cujos caciques foram condenados pelo ex-magistrado, quando ainda julgava em Curitiba. Me socorro da memória para buscar um caso similar. Em 1997, o desembargador gaúcho Luiz Melíbio Machado foi indicado pelo Piratini para integrar a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS, a Agergs. Melíbio integrava, naqueles tempos, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, responsável por julgar prefeitos acusados de irregularidades. E foram várias as condenações.
Melíbio era um desembargador competente e rigoroso. Presidiu o TRE gaúcho e tinha a admiração dos pares a da opinião pública. Mas seu nome foi rejeitado pelo plenário da Assembleia, por 27 votos contrários e 18 favoráveis. Quando e se Moro for mesmo indicado ao STF, saberemos se a política mudou nas últimas décadas ou se tudo continua como sempre foi. Eu apostaria na segunda hipótese, torcendo para que eu esteja errado.