A defesa da liberdade individual é uma bandeira legítima, mas precisa cumprir algumas etapas. Não ando armado e nem tenho pretensão de fazê-lo, a não ser que alguma circunstância específica e radical me obrigue. Mas, teoricamente, defendo o direito de quem pensa diferente. Na prática, há um longo caminho até a implementação minimamente segura de qualquer flexibilização legal.
Antes de tornar a posse e o porte mais abrangentes, precisamos de leis mais duras, de polícias mais treinadas e equipadas, de educação mais eficiente e de presídios em maior quantidade e qualidade. Sem isso, estaremos dando um passo correto, mas sem chão para o suporte do pé. Despejar mais armas na sociedade aumentará a violência.
Os Estados Unidos, país que serve de inspiração para muitos defensores da liberdade de andar armado, vem construindo uma curva de aprendizado desde o velho oeste, quando tudo se resolvia na bala. E mesmo assim as contestações são cada vez maiores, na medida em que aumenta o número de inocentes mortos em massacres públicos, especialmente nas escolas.
Só em São Paulo, foram registrados 11,5 mil casos de roubos de armas entre 2013 e 2018. Cada ocorrência pode se referir mais de uma. Desse total, mais 63% ocorreram em residências ou nas ruas, ou seja, foram retiradas dos cidadãos diretamente para os bandidos.