O argumento usado pelo prefeito Nelson Marchezan tem uma palavra mal empregada. “Privilégio” é vantagem indevida, benefício injusto, regalia e prepotência econômica. Nesse contexto, é um erro chamar de “privilegiados” os porto-alegrenses que conquistaram com trabalho honesto a condição de morar bem. Isso não é privilégio e deveria ser celebrado como exemplo e não com esse viés marxista preconceituoso.
Alguns templos espalhados pelo Brasil parecem hotéis de luxo e ostentam faturamentos comparáveis aos de médias e grandes empresas. Nada contra a fé. Ao contrário. Mas não há justificativa para que as organizações religiosas se abstenham de contribuir financeiramente para o bom funcionamento das cidades. O absurdo fica ainda maior quando instituições paupérrimas que cuidam de crianças abandonadas, por exemplo, pagam IPTU.
Seria aceitável a fixação de parâmetros que garantam às congregações verdadeiramente sérias e pobres alguma vantagem tributária que ajude a mantê-las funcionando. Inexplicável é que não exista um critério similar ao aplicado a outros imóveis – metros quadrados e localização geográfica. E que essa questão esteja esquecida no debate.
Jogar a conta, mais uma vez, para quem já paga demais, é uma saída fácil. Chamar de privilegiados os integrantes da classe média que são punidos por uma carga tributária sem retorno é mais do que isso: é um pecado.