A passagem de Hamilton Mourão por Porto Alegre como presidente interino ressaltou, mais uma vez, um aspecto que vem chamando a atenção do país.
Mourão atendeu a todos, bateu fotos, soube ser simpático e firme, quando necessário. Sem perder sua essência, o general aprendeu rápido os caminhos da vida pública civil, o que gera alguns desconfortos exóticos.
Mourão tem levado reiteradas caneladas, algumas mais discretas, como a desferida pelo filho de Bolsonaro, inspirado por delírios de conspiração. Outras, diretas no queixo, como a do guru bolsonarista Olavo de Carvalho, que chamou o vice de "idiota". Notem que o bombardeio não é da oposição, mas sim das próprias fileiras governistas, tudo sob o silêncio do presidente
Um pouco para implicar com Bolsonaro e muito porque é verdade, até mesmo alguns próceres da oposição reconhecem Mourão como uma das vozes mais democráticas e moderadas no governo.
Na política, especialmente na brasileira, os ataques à reputação e a tentativa de desqualificação pessoal se tornaram rotina. O que torna o estranho caso de Hamilton Mourão realmente estranho é que o bombardeio vem de dentro do próprio governo, não de fora. Mourão foi eleito junto com Bolsonaro. Tem mandato. Não pode ser demitido, para desespero dos aloprados de plantão.