A visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos foi um sucesso. Pode-se criticar o teor dos acenos e dos acordos, mas o presidente brasileiro foi recebido com respeito e dignidade. Sucesso tem a ver com expectativas e, do ponto de vista de quem organizou o encontro, todas elas foram superadas. Torço a favor de qualquer governo democrático eleito dentro da lei, mas isso não impede que um aspecto da passagem de Bolsonaro por Washington mereça uma análise mais crítica.
O excesso de poder e falta de jeito para lidar com ele já se tornaram marca registrada dos filhos do presidente. Ontem, nos Estados Unidos, a questão mudou de patamar quando, de acordo com a versão oficial, Donald Trump convidou Eduardo Bolsonaro a permanecer na reunião fechada de 20 minutos que teve com o pai dele, Jair.
A postura muitas vezes atabalhoada e inábil dos filhos do presidente virou incômodo, dentro e fora do governo. A promessa de enquadrar os garotos se confirma, mas a moldura é de limites ainda mais amplos.
Longe de mim querer ensinar como os pais devem educar seus filhos. Até porque tenho meus erros e não devem ser poucos. Mas posso sim, sempre respeitosamente, opinar sobre como um presidente deve se comportar quando representa o país. Bastaria uma frase. "Obrigado, senhor Trump, mas prefiro que meu filho espere lá fora". Seria didático e faria bem à imagem do Brasil. Ainda mais que Eduardo, além de filho, é deputado. Não deveria misturar as coisas. Talvez Bolsonaro pudesse ter sugerido que, em vez do filho, o ministro das Relações Exteriores estivesse presente no tête-à-tête da Casa Branca.
Eduardo Bolsonaro volta de Washington ainda com mais poder e legitimidade para se movimentar. Afinal de contas, tapinha nas costas de Donald Trump, o homem mais poderoso do mundo, não é para qualquer um.