Desgastado interna e externamente, o autoproclamado presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou ocupar militarmente a região do Essequibo, potencialmente rica em recursos naturais - ouro, bauxita e urânio, além de petróleo na costa oceânica - e hoje administrada pela Guiana. Maduro repete a Argentina de 1982, que na tentativa de desviar o foco da crise interna, iniciou a Guerra das Malvinas contra o Reino Unido.
O tempo dirá se as declarações de Maduro são apenas bravatas ou se carregam algum fundo de verdade. Não seria difícil ocupar a região, foco de um antigo litígio. Aviões e barcos de combate estão entre as possibilidades venezuelanas para uma eventual operação. A Guiana não tem poder de reação.
Se concretizado, o movimento alardeado por Maduro gera preocupações geopolíticas e militares para o Brasil. A região de fronteira entre Guiana e Venezuela é operacionalmente complexa, pela existência de obstáculos naturais. Se passar pelo território brasileiro, o deslocamento de tropas e de equipamentos ficaria bem mais fácil, rápido e barato.
Ainda em 2018, durante o governo Temer, o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, externou a posição brasileira sobre o assunto:
—Não se pode admitir, para o equilíbrio da região, qualquer saída pela força.
Desde então, a situação na Venezuela vem se deteriorando e o tema voltou à pauta de Maduro. No Brasil, a marcante influência militar no governo Bolsonaro indica uma posição ainda mais dura em relação a qualquer movimento venezuelano que gere um desequilíbrio regional.