Quem ganhou o debate foi o "me respeite". Ele foi o mais pedido, o mais lembrado, o mais desejado, tanto por Sartori quanto por Leite. Tem mil e uma utilidades. Serve para agredir e para defender, para se fazer de vítima e para mostrar força. Para ganhar tempo, para iniciar uma resposta ou para responder coisa alguma. Para intimidar e para extravasar o medo.
Foi criticado? Dispare um "me respeite". Não foi? Tire da manga um "me respeite". Se quiser parecer ainda mais grave, acrescente um "o senhor" na frente". Olha que lindo: "O senhor me respeite".
Uma frase como essa exige resposta, que quase sempre foi a mesma: " Eu lhe respeito. Me respeite o senhor". Tento entender a origem da epidemia de "me respeite" que tomou conta do debate entre Sartori e Leite na RBSTV.
É uma forma de brigar sem brigar. Uma forma quase respeitosa de brigar sem brigar. Mas também, muitas vezes, é a última frase a ser dita antes do primeiro sopapo. "Me respeite" embute um certo sentido de superioridade. Você aí embaixo, "me respeite".
Quando não souber o que dizer, "me respeite". Quando souber, "me respeite". Dor de cabeça? Contratura muscular? Mal de amor? Entrou no cheque especial? "Me respeite". Respeito é bom e eu aprecio. Respeito conserva os dentes. "Me respeite" para governador.