Seja qual for o resultado da eleição, a esquerda não desaparecerá na segunda-feira.
Nem Bolsonaro.
Se perder, o PT estará legitimado como oposição, onde nasceu. Não será difícil reencarnar o papel original, mesmo com as baixas impostas pelas urnas.
O PT ficou treze anos no poder. Nomeou juízes, tem laços com amplos setores da cultura, presença forte nas universidades e em vários outros segmentos da vida nacional. Difícil imaginar essa legião articulada, ressentida pelo impeachment e ferida pelo discurso bolsonarista indo para casa e ficando quatro anos em silêncio. A oposição será implacável.
Se Bolsonaro perder, sua reação determinará o limite entre a ordem e o caos. Seja como for, sairá das urnas como o representante de uma massa de brasileiros cansados da corrupção, da violência e do politicamente correto. Pouco provável que o capitão e seus seguidores aceitem pacificamente o PT, outra vez, no poder.
O segundo turno não encerrará o debate e nem terminará com a tensão. Apenas transportará a disputa pelo poder para outra dimensão, muito mais delicada e grave. Estaremos, na verdade, escolhendo os dois lados de uma briga que está longe do fim. Votaremos não apenas no presidente, mas também, indiretamente, em que será contra ele.
O terceiro turno começa domingo. Difícil saber quando e, principalmente, como ele vai terminar.