Só existe uma maneira eticamente defensável de responder a essa pergunta: trocando os nomes próprios por X e Y. Se X não for aos debates, todo o tempo deve ser dado a Y?
Só existe uma resposta eticamente defensável. Sim.
X tem o direito de não comparecer. É uma decisão dele e da sua coordenação de campanha. Não há lei que obrigue um candidato a debater. Mas X não pode, com sua ausência, impedir que Y fale.
Se uma emissora de rádio ou tevê marca um debate e convida os dois candidatos, sua realização deve ser determinada pelo que vai, não pelo que se ausenta. Seria absurdo, do ponto de vista democrático, transferir todo o poder para quem decide se calar.
Acredito na relevância e na necessidade dos debates, mesmo sendo eles imperfeitos. Também acredito na liberdade e, por isso, cuido para não extrapolar o limite da crítica e transformar a ausência da X ou Y em crime, o que seria um erro.
Mas se X ou Y não se apresentar para debater, estará, automaticamente, dando ao adversário a chance de falar sozinho. E isso, da mesma forma, deve ser aceito e compreendido como consequência da ausência.
Infelizmente, seja X ou seja Y, elegeremos um presidente que fala sozinho. X, porque não vai ao debate. Y, porque não terá com quem debater.