Respire lenta e profundamente. Sinta a natureza ao seu redor. Procure o silêncio, mesmo que em fugazes intervalos entre os ruídos. O silêncio mora no som. Respire. Inspire e expulse o ar. O suspiro é o ctrl+alt+del do nosso sistema operacional.
De olhos fechados, passeie a consciência pelo seu corpo. Comece nos pés e vá subindo. Ponha atenção nas canelas, na batata da perna, na coxa. Suba sem medo. Chegue ao topo da cabeça. E respire.
Você está na praia. Sozinho, mas não só. Lá longe, uma criança caminha. Ela vem lentamente na sua direção. Nada é ameaça, nada é medo, nada é incompreensão.
A criança ganha formas definidas. Você já viu aquela criança. Lembra dela em fotos já meio desbotadas. Reconhece nela o olhar puro e inocente que o espelho lhe devolvia tempos atrás. Você e a criança se abraçam. A criança é você.
Respire fundo e expulse o ar. A respiração é o seu cordão umbilical com o universo. Você e o universo são uma coisa só. Você está na praia. O sol ainda baixo, quase tocando o mar, estende um convite para o nada. Absolutamente nada. Esvazie a sua mente. Deixe ir. Deixe ir. Deixe ir.
Aproveite o feriado para descansar. Busque seu ponto de paz.
Porque depois tem reforma da Previdência, Lula, Temer, volta às aulas, eleições, Bolsonaro, engarrafamento, bala perdida, fake news, Gilmar Mendes, xingamento em rede social, Trump, atentado e imposto de renda.
Respire. Olhe lá longe, quase no horizonte. Tá vendo uma criança?