Na condição de presidente da Associação Mundial de Jornais, cargo que assumiu em 1996, o gaúcho Jayme Sirotsky, presidente emérito do Grupo RBS, conviveu com os grandes nomes da imprensa mundial. Entre eles, Katherine Graham, então presidente do The Washington Post e agora imortalizada por Meryl Streep no fortíssimo candidato ao Oscar The Post, a Guerra Secreta.
O filme mostra bem quem foi Katharine Graham?
Maryl Streep é mais imponente. Katherine Graham era uma mulher discreta. Num dos nossos encontros, o filho dela, Donald, daria uma palestra. Entrei no auditório e a vi sentada na última fila. Imediatamente, a convidei para se sentar mais à frente. Ela gentilmente recusou. Disse que ficaria ali para não chamar a atenção e constranger o filho. Tenho uma lembrança de uma mulher muito digna, que sabia preservar a sua autoridade em um universo tão masculino.
Em um mundo povoado por fake news, qual a importância do filme The Post?
Mesmo que teatralizado, o filme reforça a relevância do jornalismo, com suas posições mais sérias e mais serenas. Pode-se incidir em erros, mas os próprios manuais que regem a atividade jornalística estabelecem mecanismos de controle e correção, o que inexiste nesse outro universo de versões e distorções. O papel do jornalismo para a sociedade é fundamental e The Post retrata um momento fundamental de afirmação da liberdade de expressão. Na minha percepção, o filme não faz jus ao papel do The New York Times, que enfrentou os mesmos desafios, ao mesmo tempo. Mas é uma obra relevante diante dos obstáculos que a liberdade de expressão ainda enfrenta no mundo.