Quem passou os olhos pelas notícias da semana viu. Os últimos dias foram marcados por troca de farpas e ironias entre magistrados. Gilmar Mendes e Herman Benjamin pontificaram, mas quem deu o maior passo foi Luís Roberto Barroso.
Barroso não integra o Tribunal Superior Eleitoral, para onde os holofotes estavam apontados. Foi no STF, a cerca de dois quilômetros do julgamento da chapa Dilma-Temer. A pauta era a legalidade de cota de 20% para negros em concursos públicos federais. O assunto nem chegou a gerar grandes debates, todos os magistrados se manifestaram favoravelmente à lei.
A surpresa foi outra.
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No início da sessão, o ministro Luís Roberto Barroso pediu a palavra e se desculpou com o ex-presidente da Corte Joaquim Barbosa por tê-lo chamado de “negro de primeira linha”.Explicou que pretendia fazer referência a que Barbosa se tornara um “acadêmico negro de primeira linha”, que havia rompido o cerco da subalternidade, alcançando o topo da vida universitária. Com a voz embargada, admitiu que a expressão foi infeliz.
Simples assim.
Não tentou justificar o escorregão, não duvidou da inteligência dos interlocutores dizendo ter sido mal interpretado, não maldisse o politicamente correto nem fingiu que nada havia acontecido. Desculpou-se.
O perdão cabe à vitima. Só a ela.
Mas em um país onde o arrependimento só acontece se for premiado, a admissão espontânea de um erro torna-se uma virtude incomum.O Brasil engatinha na qualidade do debate político. Mas é ainda mais atrasado quando se trata do respeito à diversidade.
Na semana marcada pela troca de farpas de ministros, foi Barroso quem saiu grande. Pena que muita gente nem ficou sabendo.