A radicalização ajuda os extremos. Fogo nos ministérios, Exército convocado, tumulto no Congresso. É o que de pior poderia acontecer neste momento. Ainda mais com vácuo de referências e de consensos na vida pública brasileira. Todos gritam, ninguém escuta.
A História nos ensina os perigos do vácuo, quando a sensação de afogamento nos ilude na direção da primeira boia jogada. Por maior que seja o alarde em torno de um novo modelo sem líderes, é deles que precisamos agora. Homens e mulheres com capacidade de voo para, de uma posição equilibrada e serena, inspirar ações e pensamentos capazes de cimentar uma nova construção.
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Meu país hoje me entristece. O assalto aos cofres é grave, mas menos importante do que a dilapidação da esperança. Quando tudo vira fogo, fumaça e briga, o tudo vira nada. Há quem diga que é preciso chegar aí para reiniciar do zero. Discordo. A avalanche arrasta tudo, até o que já conquistamos de bom. E não é pouco, talvez nem consigamos ver agora com clareza.
Entre escrever este texto e a sua leitura, o Brasil terá percorrido caminhos incertos. O futuro nos julgará. Os que gritam, os que quebram, os que tentam construir. E, principalmente, os que se escondem no silêncio.