O Brasil já tem mais praticantes de corrida do que de futebol. Li outra dia essa afirmação. Acredito nela. As cidades cresceram e os campos sumiram. Vieram o asfalto, as calçadas e os parques. Esse é o habitat urbano dos corredores, somado às praias, trilhas e montanhas.
Um outro parâmetro é a publicidade. Nunca vi tanta propaganda de tênis e de artigos para corrida. Sinal de que está vendendo. Outro dia, conversando com um amigo ortopedista, ele me falou no espantoso aumento do número de consultas relacionadas aos impactos, torções e esticões musculares ligados ao esporte que mais cresce no país.
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Como qualquer mercado que se expande, esse também se segmenta. O menu é farto: corrida de dia, de noite, corrida curta, corrida longa, corrida com música, corrida com tinta, com vinho, com cerveja, corrida só para mulheres, para donos e seus pets, corrida na praia, na montanha, no asfalto ou na trilha.
Popularizou. Que bom. E também na corrida, vieram os engarrafamentos. Na hora da largada sempre foi assim. Mas estamos diante de um novo e preocupante fenômeno. Especialmente nas provas de 5 e 10k, amigos e amigas que resolvem correr juntos, lado a lado. Às vezes são dois, às vezes são quatro. E eles, literalmente, fecham a rua. Impedem a passagem de quem vem atrás. Já vi muito empurrão e xingamento de quem ficou sinucado.
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Não tem solução. A não ser cada um ceder um pouco. Quem vem para ultrapassar, entender que os mais lentos têm o mesmo direito ao espaço - e à conversa - por que não? Quem quer correr ao lado do amigo, se dar conta de que a largura da via é limitada.
A corrida é um esporte individual praticando em grupo. A principal segmentação desse mercado é bem simples: há corridas profissionais e amadoras. E cada um ama do seu jeito.
Meu vídeo desta semana é sobre esteiras desreguladas. Cuidado com elas! Assista:
*ZHESPORTES