Prepare um estoque de lenços. A partir desta quarta-feira (16), a RBS TV vai exibir, logo após a novela Travessia, a série estadunidense This Is Us (2016-2022). Eu ainda não terminei de ver, mas chorei em todos os episódios assistidos.
Chorei e dei boas risadas. E me irritei com alguns personagens. E também me vi em outros — ou nos mesmos que me irritaram...
Porque This Is Us é assim: embora faça muitas concessões à ficção, embora retrate aspectos históricos e cotidianos dos Estados Unidos (repare no duplo sentido do título: Us, nós, também pode ser lido como a abreviatura de United States, o nome em inglês do país), os dramas e as alegrias encenados são bastante reais e universais. Nos identificamos com a família Pearson, por mais atípica e complicada que seja.
Atípica, complicada e premiada. Por três anos seguidos (2017, 2018 e 2019), This Is Us foi apontada como uma das 10 melhores séries pelo prestigiado American Film Institute. Ao longo de suas seis temporadas, conquistou quatro Emmys — para Sterling K. Brown (melhor ator, no papel de Randall Pearson, que também valeu a ele um Globo de Ouro), Ron Cephas Jones (eleito duas vezes o melhor ator convidado, na pele de William Hill) e Gerald McRaney (também como ator convidado, interpretando o doutor Nathan Katowski). Concorreu quatro vezes ao troféu de melhor série dramática e e teve outros oito artistas indicados nas categorias de interpretação — Millo Ventimiglia, por exemplo, disputou três vezes. Aliás, o elenco é tão bom, que foi bicampeão no SAG Awards, a premiação do Sindicato dos Atores dos EUA.
Apesar de não ser uma trama de suspense, This Is Us aposta muito na surpresa, nos segredos e nas revelações para arrebatar a audiência. Por isso, em respeito àqueles que apenas agora vão conhecer os Pearson, resumirei ao mínimo a sinopse: no primeiro episódio, descobriremos o que existe em comum entre um casal — Jack (Millo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore) — que aguarda o nascimento de seus trigêmeos, uma mulher obesa (Kate, encarnada por Chrissy Metz) que vive lutando para perder peso, um bonito ator de TV (Kevin, interpretado por Justin Hartley) cansado de fazer papéis superficiais e um bem-sucedido executivo negro (Randall, o personagem de Sterling K. Brown).
A partir daí, a série criada por Dan Fogelman vai e volta no tempo, mostrando no presente os reflexos do passado, ou recuperando histórias antigas para explicar situações atuais. Os personagens experimentam traumas e decepções, passam por crises no casamento e luto na família, enfrentam o racismo e outros tipos de preconceito, lidam com conflitos psicológicos e desafios profissionais, mas também expressam sentimentos positivos, evoluem emocionalmente e vivem momentos felizes — são essas as horas em que as lágrimas correm mais, vale ressaltar. O texto é bom, as atuações, de modo geral, são cativantes, e a trilha sonora é um atrativo à parte, sobretudo quando resgata pérolas setentistas. Eu me arrepio — por lembrar do contexto em que foi utilizada no seriado (no final do capítulo de estreia) — sempre que escuto Watch Me, composição lançada em 1972 pelo cantor britânico Labi Siffre, em um disco cujo título parece traduzir as principais ações de This Is Us: Crying Laughing Loving Lying (Chorando Rindo Amando Mentindo).