Dias atrás, escrevi que Sonic: o Filme não valia sua corrida até o cinema. Critiquei o ritmo um tanto lento para uma aventura sobre um ouriço azul superveloz, reclamei da falta de criatividade nas demonstrações desse poder e lamentei a atuação em piloto automático do comediante Jim Carrey, que encarna o vilão da história, Dr. Ivo "Eggman" Robotnik.
Acabei comprando briga com fãs do game criado em 1991, no qual o filme se baseia, e com quem achou que levei muito a sério uma obra destinada a crianças. (Tem um paradoxo aí, mas não vou mexer mais no vespeiro.)
Pois bem.
A convite das minhas filhas, fui rever Sonic no fim de semana. A cada risada da Helena e da Aurora, mais eu sentia que havia sido rabugento na primeira vez.
Não sou, como brincou um leitor, um crítico de cinema que "só acha bom drama sobre uma família de pescadores na Europa Oriental dos anos 1940". Adoro comédias românticas como Yesterday e curti a tensão provocada pelos crocodilos gigantes de Predadores Assassinos. Mas percebi que, sem estar guiado pelas reações das gurias (com quem assisto a vários filmes e seriados), tenho mais dificuldade para colocar os óculos do olhar infantil. Não sei se elas salvariam Dolittle, mas redimiram Sonic.
Helena e Aurora foram tocadas pelo desenvolvimento da amizade entre Sonic e o policial Tom (James Marsden) – inclusive já começaram a elaborar suas listas de coisas a fazer. Divertiram-se com as piadas da cunhada de Tom e do seu parceiro de delegacia. Imitaram a dança de Robotnik e criaram a sua própria ao som dos créditos finais, a deliciosa Speed me Up (ao chegarmos em casa, corremos ao YouTube para assistir ao clipe com Wiz Khalifa, Ty Dolla $ign, Lil Yachty e Sueco The Child). E quando a pancadaria em um bar é congelada para que o ouriço rearranje posições dos brigões e de elementos do cenário a fim de, em uma tacada só, salvar seu amigo e a si mesmo e providenciar momentos cômicos, as gurias mudaram de vez minha opinião ao perguntarem: "Pai, como eles fizeram essa cena?". Portanto, Sonic, foi mal meu comentário anterior. Porque eu só posso agradecer a um filme que desperta a curiosidade pelo fazer cinematográfico.