Capitão Pátria, Starlight, Trem Bala e Kimiko estiveram entre nós nesta sexta-feira (6). Quatro atores do elenco de The Boys participaram de uma entrevista coletiva e de um painel (muito aplaudido) sobre a série da Amazon Prime Video, dentro da Comic Con Experience, a CCXP 19, que vai até domingo em São Paulo. Antony Starr (o Capitão Pátria), Erin Moriarty (Starlight), Jessie Usher (Trem Bala) e Karen Fukuhara (Kimiko) não deram detalhes, mas falaram um pouco sobre a segunda temporada, que estreia em 2020.
— Se a primeira temporada foi sobre cada personagem encontrar seu lugar no mundo, a segunda será sobre perder esse chão — disse Starr na coletiva antes do painel.
— No primeiro ano, foi como se fizéssemos dois seriados diferentes, os dois núcleos não se encontravam muito. Agora, haverá mais interação — adiantou Erin.
Para quem chegou agora, eis um resumo, SEM SPOILERS, apenas para despertar a vontade de assistir à primeira temporada, que tem oito episódios.
Baseada em uma história em quadrinhos homônima, escrita por Garth Ennis e desenhada por Darick Robertson (e publicada no Brasil pela Devir: oito dos 12 volumes já saíram), The Boys lança um olhar ácido sobre o mundo dos super-heróis. De um lado, estão Os Sete, uma espécie de Liga da Justiça. O Capitão Pátria tem superpoderes como o do Superman, mas do mal: oscila entre o cinismo, a fúria e a dissimulação, em uma interpretação fascinante e aterrorizante de Starr (repare como ele pressiona seus aliados colocando as mãos sobre os ombros deles). Rainha Maeve se parece com a Mulher Maravilha, Trem Bala é veloz como o Flash, The Deep, como Aquaman, domina as águas, e Black Noir é tipo um Batman mais violento e completamente calado. A mais nova integrante é Starlight, uma garota interiorana, e é por seus olhos inocentes que vemos, por dentro, como Os Sete estão longe de serem exemplares — logo de cara, ela sofre abuso sexual por The Deep.
Do outro lado, sob o comando de Bruto (nome autoexplicativo), um grupo formado também por Hughie, Leitinho, Francês e Kimiko tenta desmascarar — destruir, na verdade — os super-heróis, expondo que são, na verdade, um bando de viciados em uma droga chamada Composto V (que lhe dá os poderes especiais) a serviço de uma empresária gananciosa que busca um contrato bilionário com o exército americano — o plano é empregar Os Sete como supersoldados, o que dá margem para refletir sobre geopolítica e militarismo.
Outro tema importante da série é a fabricação da imagem pública e o preço da fama. É possível enxergar os super-heróis como uma metáfora de Hollywood?
— Sim, infelizmente, existe um lado sombrio do estrelato. É um universo em que as pessoas podem corromper ou serem corrompidas — respondeu Erin.
— Trem Bala faz qualquer coisa pela fama e pelo dinheiro. Ele não quer voltar a ser desimportante. Por isso, se droga para manter seus superpoderes e fecha os olhos para o que rola nos bastidores d'Os Sete — comentou Jessie Usher.
— É a época certa para The Boys — acrescentou Starr, em uma afirmação que pode ser interpretada como uma alusão a casos como o do produtor Harvey Weinstein, que aproveitava seu poder na indústria do cinema para abusar sexualmente de várias atrizes. Em The Boys, o abusador, The Deep, meio que prova do próprio veneno: uma garota resolve explorar e cutucar o corpo do herói, contra a vontade dele.
Sexo, aliás, é um elemento marcante na série, mas talvez esteja, digamos, domesticado em relação à HQ.
— Jamais poderíamos exibir a série se transpuséssemos 99% do que acontece nos quadrinhos — brincou Starr (que, vale dizer, passou a coletiva tirando sarro de si mesmo e dos colegas).
— O gibi é mais gráfico, mais violento. No seriado, vamos em busca de por que os personagens fazem essas coisas chocantes — definiu Karen Fukuhara.
Mais fundo
Bom, a partir daqui, HAVERÁ SPOILERS sobre o desfecho da primeira temporada. Como os fãs já sabem, ficamos sabendo que o motivo da vingança de Bruto contra o Capitão Pátria foi uma meia-verdade. Becca, sua esposa, não se matou nem foi assassinada depois de um suposto estupro pelo "super-herói", mas, aparentemente, deixou-se seduzir por ele, engravidou e agora mora em uma cidadezinha americana, onde cria o filho. Com esse gancho impactante, o que podemos esperar da segunda temporada?
— Depois que uma série consegue ser bem-sucedida em seu primeiro ano, há a tendência perigosa de, no segundo, procurar ser mais grandiosa. Em vez de mirar o alto, preferimos ir mais fundo — afirmou Starr.
Promete-se uma jornada interior dos personagens. O Capitão Pátria, por exemplo, terá de aprender o que é ser pai, e Kimiko tentará se reconectar com sua própria história.
O teaser exibido no palco Cinemark da CCXP, para a euforia do público, deu uma outra impressão: em uma edição rápida, apareceram várias sequências de ação.
— É claro que, quando começamos a filmar, surgiram cenas espetaculares, com bastante efeitos especiais. Fizemos coisas bem loucas — justificou Starr antecipadamente, na coletiva. — Mas acho que conseguimos balancear. Espero que sim.
*O jornalista viajou a convite da Amazon Prime Video