Quando pensamos em esportes individuais, geralmente vemos o rosto de um atleta no pódio ou praticando sua modalidade sozinho. No meu caso, sempre imagino alguém correndo ou saltando na pista de atletismo. Afinal, é uma cena que me é comum há quase 20 anos.
Algumas pessoas podem até pensar que é um pouco solitário todo o treinamento, o dia a dia e, principalmente, o caminho percorrido por esses atletas. E de fato há momentos em que é, mas, felizmente, há uma rede por trás que auxilia estes profissionais. Isso é de suma importância para a performance: a equipe multidisciplinar.
No alto rendimento, existe uma máxima a qual, inclusive, podemos aplicar para outras áreas da vida: ninguém faz nada sozinho. O que eu quero dizer com isso é que, por trás de todo e qualquer atleta, há uma equipe de profissionais das mais diversas áreas — treinadores, fisioterapeutas, médicos, educadores físicos, massagistas, quiropratas, nutricionistas, psicólogos e biomecânicos. E nem citei todos, mas há sempre um trabalho muito próximo e quase sempre de forma integrada, visando a melhora do desempenho do atleta.
Uma das coisas que mais me impressionou ao chegar no alto rendimento foi justamente enxergar a necessidade de ter uma equipe multidisciplinar de qualidade, trabalhando junto a mim e a meu treinador. Muitas vezes, estas pessoas acabam não sendo tão exaltadas quanto deveriam, mas nós atletas sabemos muito bem o valor que cada um deles tem e o quão importante eles são para nossas carreiras.
Eu, por exemplo, vou para a fisioterapia todos os dias e isso não é um luxo, é necessidade. A demanda dos treinos aliada ao meu tempo de prática esportiva (quase 20 anos) torna isso uma obrigação. De outra forma não conseguiria me recuperar de uma maneira satisfatória entre uma sessão e outra de treinos. Consequentemente, isso afetaria minha carreira como um todo. Por isso, buscar local de qualidade com profissionais capacitados foi uma das coisas mais importantes que fizemos, essa é uma daquelas coisas que não se deve negligenciar.
Inclusive, o fato de ter tantos profissionais trabalhando comigo é o motivo pelo qual as minhas semanas são tão atribuladas. Tem dia para ir no pilates fazer uma complementação muscular, dia de massagem, dia de reforços com o educador físico, dia de ir no quiroprata, dia de nutricionista, tudo isso aliado a fisioterapia, que é diária. Não é só da pista que vive o atleta, o que fazemos fora dela é tão importante quanto.
Agora imagine o desafio de organizar um planejamento e fazer um acompanhamento integrado, seja ele diário, semanal ou mensal, com todas as informações que cada área coleta. Ainda, aplicar isso da melhor forma possível, para que influencie de uma forma positiva o desenvolvimento do atleta.
Não é algo simples de fazer, é extremamente complexo, cada caso requer diferentes abordagens, idade, local de treinamento. Até o momento de vida influencia. É um grande quebra-cabeça. Muitas vezes, essa capacidade é o que diferencia quem chega de quem acaba ficando pelo caminho.
Essa é a importância da equipe multidisciplinar, várias cabeças contribuindo e auxiliando em sua especialidade para que no final nós vejamos o rosto subindo no pódio e saibamos que, apesar de aquele atleta estar sozinho ali naquele momento, ele não está só.