Duas colheitas, das uvas e das azeitonas, ocorrem quase de forma simultânea em parte das férias de verão no Estado. Sorte dos turistas, a quem não faltam opções para conhecer essas duas culturas e aproveitar eventos em propriedades que se estendem pelo território gaúcho.
O olivoturismo — turismo vinculado à colheita das azeitonas e ao azeite — é coisa recente por aqui. Vale lembrar que, em 2005, havia só 80 hectares de oliveiras plantadas e que essa área agora se aproxima dos 6 mil hectares. Dada a qualidade da produção e o entusiasmo dos produtores, em três anos, poderá superar os 10 mil, acredita Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), um dos proprietários da Pousada Olival Vila do Segredo, em Caçapava do Sul, que ainda comemora a ocupação média de 80% no mês de janeiro em sua pousada e a previsão da 2ª Festa do Azeite, em maio.
Nem todos os locais, esparramados principalmente na Metade Sul, contam com estruturas para receber visitantes — além da já citada Vila do Segredo, a Estância das Oliveiras, em Viamão, e o Parque Olivas de Gramado, na Serra, se destacam entre outros empreendimentos (veja lista) que promovem degustações e visitas. Mas as perspectivas, tanto do mercado de azeites quanto do olivoturismo, são muito boas: sendo o segundo consumidor mundial de azeite, atrás dos EUA, o Brasil só produz 0,5% do que consome.
No dia 9, no Biome Pampa, em Encruzilhada do Sul, os produtores brasileiros celebraram a abertura da 11ª colheita das olivas o que, comparado a países que têm essa cultura há centenas de anos — entre eles Grécia, Itália, Espanha, Portugal, sem contar os vizinhos do Mercosul —, mostra o quanto há para conquistar.
Novidades à vista
Em breve, uma das pioneiras no plantio de oliveiras e na produção do azeite, a Prosperato, que nasceu em Caçapava do Sul e mantém um empório às margens da BR-290, pretende inaugurar um complexo para olivoturismo em Sentinela do Sul, à beira da BR-116, a 95 quilômetros de Porto Alegre. Na Fazenda Prosperato, somando áreas nos municípios de Sentinela e Barra do Ribeiro, há 45 hectares de oliveiras que se fundem aos 100 hectares de nogueiras — no total, com as plantações de Caçapava e São Sepé, os olivais atingem 220 hectares.
Em Sentinela do Sul, ainda foram colocadas próximo aos dois açudes 26 oliveiras centenárias, criando um espaço para os visitantes apreciarem a paisagem de campos e coxilhas. À margem da estrada deve surgir um empório 10 vezes maior do que o de Caçapava, com cerca de 600 metros quadrados, cujo projeto está sendo finalizado. A previsão é para meados de 2024.
— Imaginamos que as pessoas venham da Região Metropolitana só para nos visitar, ver de perto a plantação, contemplar e adquirir nosso azeite direto da fonte — diz Rafael Marchetti, 29 anos, diretor da empresa e mestre de lagar.
Comemorando em 2023 os 10 anos da marca que hoje comercializa sete azeites diferentes e quatro condimentados, Rafael é testemunha desse crescimento:
— Vivemos o mesmo processo pelo qual o vinho passou. Há 10 anos, 90% das pessoas que nos visitavam não tinham ideia de como era processado o azeite. Hoje, esse número se inverteu. No início, não vislumbravam o olivoturismo, mas essa possibilidade se mostrou atraente com a profissionalização e o interesse do público.
E ainda a vindima na Serra
Nesses tempos de vindima, uma vinícola de Canela, a Jolimont, oferece uma promoção para moradores de cinco cidades da Região das Hortênsias (Gramado, Canela, São Francisco de Paula, Nova Petrópolis e Picada Café) e três do Vale dos Vinhedos (Monte Belo do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves): quem visitar a vinícola até 31 de março e apresentar comprovante de residência, terá desconto de 50% no ingresso na bilheteria do parque (para o titular e quatro acompanhantes). Inclui o Tour Du Vin, experiência regada a vinhos e espumantes, passeio pelos parreirais e uma taça de vidro. O passeio leva a um deque para contemplar as paisagens formadas pelas videiras e pelos vales do Morro Calçado, onde a Jolimont está instalada desde 1948, idealizada por um francês. São oito hectares de vinhedos a 830 metros de altitude.
Perto da Capital e em Gramado
Na Estância das Oliveiras, em Viamão, a 28 quilômetros de Porto Alegre, há datas disponíveis até março para almoços temáticos que podem incluir participação da colheita das azeitonas: dias 26/2 (Portugal), 5/3 e 25/3 (Grécia), 11/3 e 19/3 (blend exclusivo, com churrasco em fogo de chão). Informações: (51) 99813-0919. Desde o dia 7, a Estância mantém também uma loja conceito no Cais Embarcadero, na Capital. No Parque Olivas de Gramado, entre os dias 17 e 21 de fevereiro, além do contato com as oliveiras carregadas – por aqui, a colheita ocorre em março –, a dica é o Carnaval Raiz, com atrações musicais a partir das 15h, até o pôr do sol.
Números
- Em 2022, o Brasil produziu 2,5 milhões de quilos de azeitonas. No país, foram processados 500 mil litros de azeite, dos quais 458 mil no RS
- Há 500 olivicultores no país, 321 deles em 110 municípios do Estado
Para conhecer
Confira alguns empreendimentos no RS com visitas a olivais e degustações:
- Batalha (Pinheiro Machado), Casa Albornoz (Santana do Livramento), Casa Gabriel Rodrigues (São Gabriel), Don José (Caçapava do Sul), Estância das Oliveiras (Viamão), Herança do Cerro (Encruzilhada do Sul), Fazenda Sabiá da Vigia (Encruzilhada do Sul), Olivae (Piratini), Olivas do Sul (Cachoeira do Sul), OlivoPampa (Santana do Livramento), Parque Olivas de Gramado (Gramado), Pecora Nera (Canguçu), Pousada Olival Vila do Segredo (Caçapava do Sul), Prosperato (Caçapava do Sul), Recanto Maestro (Restinga Seca), Sol das Olivas (Encruzilhada do Sul) e Terrapampa (Bagé).