A temporada de baleias-francas, de julho a novembro, proporciona belos espetáculos em Santa Catarina. Esses mamíferos gigantes fogem do frio da Antártica e da Patagônia para dar à luz e amamentar filhotes em águas mais quentes e sua rota passa por praias de cidades como Laguna, Imbituba e Garopaba.
Fernanda Kalil, proprietária da Hospedaria das Brisas e do restaurante Refúgio do Pescador, na Praia do Rosa (Imbituba), observa que, além da alegria por ver os animais traçando seu roteiro natural e de saber que a espécie de recupera das ameaças de extinção, seu avistamento é uma chance de recuperar os negócios prejudicados pela pandemia.
A população de baleias-franca é estimada em 550 indivíduos, com uma taxa de crescimento de 4,8% ao ano, segundo o Projeto Franca Austral (ProFranca).
Uma feira para o turismo
Será um desafio para a União Gaúcha das Operadoras e Representantes de Turismo (Ugart) realizar sua primeira Feira de Negócios Turísticos após o início da pandemia.
— Estamos dispostos a enfrentar o desafio de fazer um dos primeiros eventos de médio porte de forma presencial em Porto Alegre e mostrar que os protocolos funcionam e vieram para ficar. Vamos trabalhar da melhor forma para que as pessoas reconheçam isso e tenham confiança de que a indústria do turismo vai voltar mais forte e inteligente depois da pandemia — diz Fabian Saraiva, presidente da Ugart.
A 35ª edição da feira está marcada para 30 e 31 de julho. A Ugart reúne 10 operadoras de turismo, e o evento, voltado só a agentes de viagem, promove o lançamento de produtos, serviços e destinos turísticos para o mercado gaúcho, com presença de 130 marcas expositoras.
"A viagem de experiência virá com muita força"
Presidente da Ugart, Fabian Saraiva conversou com a coluna:
Por que promover uma feira presencial neste momento?
Nós acreditamos que o olho no olho, o demonstrar para as pessoas que o turismo está voltando à normalidade, que os protocolos funcionam e que conseguimos trabalhar com eles é muito importante. Servirá para fortalecer esse mercado fragilizado em função da pandemia.
É seguro? Quais os protocolos?
Vamos ter a capacidade máxima de pessoas, conforme os protocolos, distribuídas nos dois dias. Os estandes terão espaçamento entre eles, com número máximo de duas pessoas por estande de quatro metros quadrados. Vai haver displays de álcool gel, obrigatoriedade de máscara e será proibida a distribuição de alimentos ou bebidas. O cadastro é feito pelo site e quando a pessoa chega só é emitido o crachá em totens, com medição de temperatura, etc. São protocolos que já foram experimentados em outras feiras, inclusive de turismo, e funcionaram bem.
O que os participantes vão encontrar na feira?
Nas feiras anteriores, os operadores nacionais e internacionais mostravam seus produtos para fora do Rio Grande do Sul, já que o Estado é um grande polo emissor de passageiros, a não ser Gramado, que é um polo receptivo. Mas, neste ano, mudou. O gaúcho está buscando o turismo regional. Vendo essa tendência, criamos três pilares no evento:
1) Turismo regional: muitas regiões do RS estarão mostrando suas belezas e atrativos para que os agentes possam conhecer o produto para vendê-lo ao cliente final;
2) Produtos nacionais e internacionais: mostrando aos agentes todas as exigências e protocolos para que eles também tenham esse know-how ao atender seu cliente. Por exemplo, não vai haver divulgação de países para os quais os brasileiros não possam viajar, limitando aos que estão com fronteiras abertas;
3) Capacitações: como a feira é para o agente de viagens, teremos várias capacitações não só no produto turismo, mas também para ele como empreendedor, como gerador de conteúdo nas suas redes sociais, para que saia com uma visão geral de seu negócio.
O que as pessoas buscam no turismo regional?
Vários destinos já eram visitados por comunidades mais próximas, mas, com a pandemia, moradores de Porto Alegre e da região leste do RS, que buscavam só o litoral ou a Serra, estão descobrindo o Oeste, como Ametista do Sul e o Salto do Yucumã, por exemplo. Há empreendimentos novos como as Termas Romanas, próximo a Santa Maria, e a Serra também tem se reinventado. As comunidades estão se organizando em roteiros turísticos que os agentes podem ajudar a divulgar e vender, como o Vale Germânico, com alguns pequenos municípios que não eram vistos, mostrando a cultura da imigração alemã, que completa 200 anos em 2024. Muita gente ainda tem medo de viajar de avião, mas quer encontrar lugares para o fim de semana.
É um movimento momentâneo ou ficará?
Depende de três situações: de as próprias comunidades saberem manter os seus atrativos, de as instituições fomentarem o que foi criado durante a pandemia; de como vai se mover a pandemia, do medo das pessoas de viajar para o Exterior ou mesmo para fora do Estado; e de como ficará a economia. Se o dólar e o euro continuarem em torno de R$ 6 e R$ 7, muitos destinos internacionais ficarão de fora, o que vai impactar na demanda nacional. Se não tiver oferta de aéreo adequada, os preços no Brasil ficarão mais caros e a classe média, fragilizada pela pandemia, não vai ter capital para viajar para fora do RS.
De uma maneira geral, o que o turista pós-pandemia irá buscar?
Vai buscar suprir as frustações que teve durante a pandemia. O turismo de experiência virá com muita força: uma aventura, uma experiência gastronômica, algo que justifique suas escolhas. Aquele turismo de só sair, fotografar e postar em rede social deve desaparecer um pouco. O turismo também será com número menor de pessoas. Grandes operadores europeus e asiáticos que trabalhavam seus pacotes com 30/40 pessoas, enchendo um ônibus, hoje estão oferecendo os mesmos produtos para famílias, com hospedagem em hotéis pequenos, em cidades pequenas, sem aglomerações.
Que impacto e legado a pandemia trazem para o turismo local?
O impacto óbvio é a perda de empregos. Mas o legado dessa pandemia, fora os impactos econômicos, é o aprendizado que as operadoras e as agências tiveram em saber como lidar com seu passageiro e mostrar para ele que o contato humano ainda é o melhor caminho. A crise mostrou a importância do serviço e o quanto isso vale na hora em que há um problema. Outro legado foi a abertura de canais online por operadores de pequeno e médio porte e de uma forma mais dinâmica e flexível de atendimento.
A Feira
- Inscrições até 29/7, no site do evento: feiraugart.com.br
- Dias 30 (das 13h às 20h) e 31 de julho (13h às 19h)
- Centro de Eventos do BarraShopping Sul, em Porto Alegre
- A feira é focada nos agentes de viagem, com participação de instituições oficiais de turismo internacionais e nacionais, hotéis, operadoras, receptivos, parques temáticos, companhias aéreas, locadoras de veículos, seguradoras de viagens, entre outras.
Turismo rural
Nesta quarta-feira, prossegue a Qualificação em Turismo Rural da Câmara Temática de Turismo Rural do RS. A partir das 14h, no canal do YouTube da Setur RS, haverá dois relatos de empreendedores: Vinícola De Bastiani (Nova Roma do Sul) - História, cultura e comercialização, com João Pedro, e Caminhos Rurais de Porto Alegre - Adaptações durante a pandemia, com Mauri Webber. Os eventos continuam até novembro, sempre na última quarta-feira do mês.
Para lagartear na Zona Sul
Na quarta edição do Roteiro de Inverno Bergamota, do projeto A Zona Sul É a Minha Praia, o convite para bares, restaurantes e cafés da zona sul de Porto Alegre é, de novo, elaborar pratos que tenham a fruta como protagonista - vai de sagu a pizza! E, pelo segundo ano, provocado pela pandemia, o projeto também criou a Berga Box, uma caixa bacana com produtos dos estabelecimentos parceiros e em diferentes versões para quem não quiser sair de casa. Até 8 de agosto. Informações em @azonasuleaminhapraia