Nas férias do meu pai, o destino era sempre o mesmo: uma estação de águas termais. Ninguém o acompanhava — minha mãe não gostava, e o resto da família achava que era lugar para adultos, digamos, mais velhos. Como a finalidade da viagem era considerada apenas terapêutica, esses locais sofriam um certo preconceito, como se fossem só espaços para cura e não para diversão. Mas, com o tempo, a maioria deles adicionou doses generosas de estruturas de lazer e viraram resorts, com atrações para todas as idades. Tanto que, além dos já tradicionais no Estado, têm surgido ou estão em implantação grandes empreendimentos como o Gramado Termas Park (inauguração prevista para o segundo semestre de 2021, incluindo piscina com ondas artificiais) e o Thermas do Passo Real, em Quinze de Novembro, onde já foram investidos R$ 4 milhões só na perfuração dos poços.
Há 12 fontes hidrotermais no Estado com processos de concessão de lavra ou em fase de pesquisa de lavra em análise no Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Todos são poços profundos (entre 600 e 1.200 metros de profundidade) e temperaturas da água entre 33ºC e 45ºC, segundo Ana Cristina Peixoto, engenheira química do SGB-CPRM.
Aliás, se você tiver disposição e dinheiro, é bom saber: em cerca de 50% do território do RS, no planalto que existe entre a Serra e a fronteira com Argentina e Uruguai, basta perfurar a uma profundidade de pelo menos 500 metros para encontrar água quente (quanto mais profundo, maior a temperatura, que pode ultrapassar os 45°C a 1.000m), garante Antonio Pedro Viero, doutor em Geociências e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de hidrogeologia e geologia ambiental.
— No Estado, a região de Iraí tem fontes onde a água já chega quente à superfície. Mas, na área do planalto, basta fazer a perfuração em grandes profundidades para encontrá-la, já que ela está sobre o Aquífero Guarani, uma reserva gigante de água doce coberta por uma camada de rocha vulcânica que se estende do RS a Minas Gerais e pelos países do Prata. Quanto mais espessa a rocha vulcânica e mais profunda a água, mais quente ela será — diz Viero.
Criado na infância e adolescência entre Capinzal e Piratuba (SC), o professor acostumou-se a frequentar as estâncias hidrominerais da região e hoje percebe esse interesse renovado nos empreendimentos. Confira a seguir algumas das estações termais do Estado e como está seu funcionamento durante a pandemia. Siga os protocolos e, se não der para ir agora, guarde as dicas para depois.
Thermas Machadinho Resort Spa (Machadinho)
O espaço com nove piscinas (internas, externas, com hidromassagem, bar molhado, toboágua), complexo esportivo (vôlei, tênis, futebol, bocha), spa, bar, restaurantes, academia e butique teve de se adaptar aos novos tempos e a ocupação do hotel segue as exigências das bandeiras (40%, 50% ou 75% da capacidade), houve reforço na limpeza de áreas comuns, o check-in é feito por e-mail, além das medidas já conhecidas como máscara obrigatória, medição da temperatura corporal, higienização dos veículos, desinfecção dos calçados com tapete sanitizante e higienização e desinfecção das bagagens por raio ultravioleta. Informações: fone (54) 3551-4700 e machadinhothermas.com.br
Termas de Marcelino (Marcelino Ramos)
Nasceu da tentativa frustrada na perfuração de poços de petróleo, no final dos anos 1950 e, após um início amador, se consolidou nos anos 2000, com a inauguração do complexo com vista para o Lago da Usina Hidrelétrica de Itá (SC). Tem piscina semiolímpica, toboágua, rampa molhada, piscina-bar, cancha de bocha. O camping, por enquanto, está fechado. Com a pandemia, o limite de pessoas por dia é de 500 (bandeira laranja) e 100 (bandeira vermelha), podendo mudar sem aviso prévio. Não há hospedagem no parque, e os ingressos variam entre R$ 15 e R$ 23 (só na bilheteria). Informações: (54) 3372-1222 e termasdemarcelino.com.br
Amsterland (Santana do Livramento)
Aberto em 2019, teve de interromper suas atividades por conta da pandemia entre abril e outubro. O intervalo foi usado para treinar a equipe e fazer a adequação dos protocolos (confira no vídeo). Podendo receber 1,9 mil pessoas, o parque está operando com 25% de sua capacidade. Quem chega passa por um totem de segurança e higiene. Retirar a máscara só dentro de uma das seis piscinas — neste mês, já está em funcionamento a piscina de ondas e a praia artificial. Funciona de terça a sexta (R$ 40) e aos sábados domingos e feriados (R$ 50). Informações: (55) 3244-1419 e amsterland.com.br
Termas Caldas de Prata (Nova Prata)
O complexo da Linha 15 de Novembro existe desde 2003, após a perfuração de poços a mais de 600/700 metros de profundidade em meio a uma área de mata. Tem piscinas abertas, cobertas e spa. Em função da pandemia, o pedido é contato prévio e agendamento, já que só funciona aos sábados, domingos e feriados (das 8h30min às 18h). Além disso, a capacidade de visitantes está reduzida e são seguidos protocolos como uso de máscara, de álcool gel e luvas no bufê do restaurante. A entrada custa de R$ 4 (crianças) a R$ 8 e o acesso às piscinas, R$ 15 e R$ 28. Informações: (54) 2121-9920 e 99670-9101 ou pelo site termaiscaldasdeprata.com.br