Sim, todos nós queremos viajar por qualquer lugar, sem restrições. Mas que bom que muita gente voltou a incluir o lugar onde moramos na lista de prioridades (com cuidados e agendamentos). Com o novo ano logo ali, consultei quatro pessoas que vivem o turismo no Estado e fiz duas perguntas sobre perspectivas para o próximo ano:
O que esperar/projetar para o turismo gaúcho no ano que vem?
Amanda Bonotto Paim, coordenadora de Turismo do Sebrae-RS
É importante lembrar que ainda estamos numa pandemia. Então, o que mais espero é responsabilidade e cuidados: de municípios, empresas, colaboradores e visitantes. Além disso, acredito que o turismo do RS tem uma grande oportunidade para reinventar seus negócios, de mudar a forma de receber, de servir e de se comunicar com o mercado. Hoje, o gaúcho representa 59% do fluxo turístico do Estado. Agora é a hora de ajudar e estimular aqueles que nunca viajaram pelo RS a descobrirem com suas famílias como é lindo, empolgante e autêntico o turismo gaúcho.
Ivane Fávero, consultora em Turismo e responsável pelo blog Viajante Maduro
Entendo que o turismo no RS está sendo descoberto, desejado, por parte do turista, em toda sua dimensão. Por outro lado, empreendedores e destinos turísticos aproveitaram a pandemia para se capacitar, planejar e profissionalizar, inovando na oferta turística. Esta confluência de desejos e ações fará com que o turismo se fortaleça. Tive a honra de trabalhar, como consultora, especialmente para o Sebrae-RS, mas também com contratos diretos, em regiões como a Serra, a Campanha, a Costa Doce, o Vale do Taquari e o Vale Germânico, neste ano, e posso comprovar a riqueza de experiências que podem ser vivenciadas.
Michel Bregolin, coordenador do Bacharelado em Turismo e do Núcleo de Inovação em Desenvolvimento em Observação, Desenvolvimento e Inteligência Turística e Territorial da Universidade de Caxias do Sul (UCS)
A pandemia exige projetar cenários deixando claro que essa leitura está baseada nos dados atuais, que podem mudar rapidamente. Com base nos parâmetros do Hemisfério Norte, projeto um aumento na busca de espaços rurais e ao ar livre no nosso verão, mas com fluxos massivos no Litoral, o que preocupa. Isso tende a aumentar o número de casos no final do verão e, a partir disso, a intensificar as alternâncias de aumento/diminuição de restrições até que a imunização via vacina se consolide. Será um ano que exigirá muita atenção das empresas de turismo na comunicação aos clientes sobre a pandemia em cada destino. Além disso, elas deverão ser proativas para oferecer remarcação e até substituição de viagens. O cliente deve fazer busca ativa da informação, reservas antecipadas, ser flexível e observar protocolos não só para cuidar de si mas para respeitar as comunidades que os recebem.
Rodrigo Lorenzoni, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo
O turismo foi um dos setores que mais sentiram os efeitos da pandemia: foi um dos primeiros a parar e será um dos últimos a voltar a pleno. Nosso desafio é preparar a retomada segura, atuando em três frentes: na qualificação do setor, com o programa Jornadas de Regionalização do Turismo, para trocas de experiências bem-sucedidas entre as regiões, via online; no apoio às empresas do setor, garantindo via BRDE e Badesul linhas de crédito do Fundo Geral de Turismo, usadas inclusive para capital de giro das empresas; e na promoção, pois a principal fonte de turistas é o próprio RS. Estamos organizando campanhas publicitárias para incentivar os gaúchos a desbravarem um Estado até então desconhecido por muitos.
Se pudesse ir a um só destino turístico no Estado, qual seria e por quê?
Amanda Bonotti Paim
É uma pergunta superdifícil. Há várias e ótimas opções em todas as regiões, com cultura, natureza, gastronomia, aventura... Eu escolheria um destino seguro para ir com a minha família, onde minhas filhas pudessem curtir os dias livres, com uma boa gastronomia e ter a possibilidade de relaxar e desconectar de tudo.
Ivane Fávero
Iria a todos os destinos citados, mas vou destacar a Campanha/Fronteira, o que escolhi para a virada de ano. Vamos estar, com o blog Viajante Maduro, na Estância Timbaúva, em Uruguaiana, aproveitando as particularidades desse território que está se organizando para o turismo. Faremos passeios de barco, provaremos queijos, compraremos nos freeshops - sem impostos e pagando em real -, aproveitaremos a gastronomia que mescla a cultura gaúcha com Argentina e do Uruguai. E vamos, acima de tudo, fazer turismo responsável e seguro.
Michel Bregolin
A responsabilidade da minha atuação não me permite falar de um lugar específico, mas de características. Até termos vacinas, buscaria visitar lugares que deixem claro sua preocupação com a situação sanitária, que comprovem o gerenciamento adequado para evitarem aglomerações e também que demonstrem a aplicação e o uso correto dos protocolos. Destaco ainda a importância de buscar selos de segurança que tenham a devida visita pelas Vigilâncias Sanitárias dos municípios e não apenas baseado em autodeclaração da empresa. Temos que continuar viajando, mas tendo responsabilidade, pois precisamos zelar também pelo bem-estar das comunidades que nos recebem, que normalmente têm maiores restrições em serviços de saúde, principalmente em municípios ricos em oferta de opções turísticas ao ar livre.
Rodrigo Lorenzoni
Como secretário, é impossível para mim escolher apenas um destino turístico do nosso Estado. O Rio Grande do Sul está repleto de regiões para serem conhecidas e tem uma diversidade muito grande opções: gastronomia, aventura, rural, histórico; opções para a família, para casais, para solteiros. O desafio que proponho é conhecermos todas essas potencialidades.