Quem assistiu à manifestação do presidente Lula no encerramento do seminário nacional do PT, nesta sexta-feira (6), em Brasília, ficou com a sensação de que o ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, foi colocado na frigideira diante dos companheiros de partido que assistiam à conferência presencialmente ou pelo YouTube. Lula, que falou em modo remoto, fez duras críticas à comunicação do governo.
— Há um erro no governo na questão da comunicação e eu sou obrigado a fazer as correções necessárias para que a gente não reclame de que a gente não está se comunicando bem — começou Lula.
O presidente puxou para si a responsabilidade pelos erros de comunicação, mas deixou claro que está insatisfeito:
— Quero dizer para vocês que há um erro, um equívoco meu na comunicação. O (Ricardo) Stuckert (fotógrafo da Presidência) costuma dizer “presidente, o senhor é o maior comunicador do nosso partido, o senhor tem que falar mais”. E a verdade é que eu não tenho organizado as entrevistas coletivas, elas não têm sido organizadas. Adoro falar em rádio. E é preciso que a partir de agora a gente comece a fazer as coisas do jeito que precisa ser feito porque não serão os nossos adversários que vão falar bem de nós.
Pimenta disse à coluna que não há nenhuma conversa estruturada sobre mudanças:
— Nada conversado além de ele concordar em fazer o que estamos propondo. Vamos ver como faremos os ajustes. As mudanças propostas são as que eu defendo faz tempo.
Lula não se limitou a criticar a comunicação do governo. Criticou também o PT, que ainda vive com um pé no passado e não percebeu que o perfil do trabalhador mudou. Com a autoridade de quem foi um dos fundadores do PT, disse que o partido precisa se atualizar para não perder seu público fiel. Essa avaliação vem sendo feita desde a eleição de outubro, que mostrou um avanço do centro e da direita e levou o PT a amargar derrotas históricas.