Às vésperas do primeiro turno da eleição, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) era considerado carta fora do baralho pelos adversários. Apostava-se em um segundo turno entre Maurício Scalco (PL) e Denise Pessôa (PT). Iniciada a apuração, Scalco largou na frente, com Adiló em segundo, Denise em terceiro e Felipe Gremelmaier (MDB) em quarto. As posições nunca se alteraram e Denise terminou em terceiro lugar, com 61.684 — foram 2.853 a menos que o prefeito. Gremelmaier fez 19.172.
Para onde irão os votos dados a Denise no primeiro turno? Mesmo que ela venha a se declarar neutra (seu vice, Alceu Barbosa Velho, do PDT, não simpatiza com Scalco nem com Adiló), é improvável uma anulação em massa por parte dos eleitores. Pela lógica, quem votou na petista dificilmente escolheria no segundo turno um bolsonarista radical como Scalco, cuja vice, Gladis Frizzo, diz que não quer os votos da esquerda.
Scalco faz um cálculo simplista. Diz que 73% dos eleitores de Caxias votaram pela mudança e que "o voto não é ideológico":
— O voto é da pessoa, não do partido, são de pessoas que querem uma cidade melhor, uma mudança, querem que funcione o sistema público. Nós somos a mudança. Temos um plano de governo que pode atender e trabalhar para essas pessoas. Vamos mostrar o nosso plano de governo, estratégia, cobrar o que não foi feito. Não sentamos ainda para conversar, estamos ainda estruturando o segundo turno.
Adiló segue na mesma toada, como se a opinião dos líderes não interessasse:
— Eleitor não está preocupado com aliança, e sim com o que vai ser feito nos próximos anos. Nós não rejeitamos o voto de ninguém, todo caxiense que quiser apostar em nós é muito bem-vindo. Não é momento pra ficar com questão ideológica, precisamos nos unir, o interesse por Caxias tem que estar acima.
O prefeito diz que, independentemente de que partido o eleitor pertença, não está preocupado com siglas, mas em levar mensagem para o eleitor de que Caxias está preparada pra decolar, sem se preocupar com coligação ou aproximação. Além disso, a ideia de Adiló para o segundo turno é levar as propostas, o plano de governo, o que fez, o que passou, para que a população entenda e reconheça:
— Nenhuma administração pegou um momento tão difícil quanto o nosso. Apesar de tudo isso, fizemos muitas entregas, organizamos a casa, e apresentamos superávit. Isso que nós vamos levar de mensagem para a população.
Adiló pode se beneficiar desse cenário como se beneficiou em 2020. Naquela eleição, o prefeito fez apenas 34.204 votos (15,5%) no primeiro turno. O primeiro colocado, Pepe Vargas (PT) fez 75.619 (34,2%) e esteve a um passo de vencer no segundo turno, mas o eleitorado antipetista se juntou e elegeu Adiló.
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