Foi simpatia à primeira vista quando conheci seu Jayme Sirotsky, a quem depois de um tempo passei a chamar de “sir Jayme”, numa alusão aos cavaleiros da Rainha Elizabeth. Porque ele sempre foi um cavaleiro da liberdade de expressão. Na condição de presidente da Associação Mundial de Jornais (WAN), correu o mundo apregoando a declaração de Chapultepec, um manifesto essencial para quem acredita no jornalismo e na liberdade de imprensa como pilares das democracias.
Chapultepec. Na voz de seu Jayme, essa cidade mexicana ganhou uma sonoridade tão familiar que é como se fosse um pouco da nossa história. Mas não foi só a garra com que sempre defendeu a liberdade de expressão que me encantou em seu Jayme, figura querida de quem trabalha na RBS ou cruzou seu caminho em algum momento. Foi a simpatia, a delicadeza, o senso de humor e a inteligência, sem nunca perder a simplicidade de quem nasceu no interior de Getulio Vargas e tornou-se cidadão do mundo. Ele é um cavalheiro na mais completa acepção da palavra.
Neste domingo, seu Jayme completou 90 anos. Sempre brincalhão, costuma dizer que já está vivendo na prorrogação e que tudo o que vier é lucro, mas não é bem assim. Se for falar de educação, o entusiasmo dele é de um guri que acabou de subir das categorias de base para o profissional. No auge da sua forma intelectual, seu Jayme decidiu devolver à sociedade uma parte do que recebeu em várias décadas como empresário bem-sucedido.
Assim nasceu a Fundação Jama, que se dedica a apoiar projetos educacionais capazes de fazer a diferença. Porque seu Jayme acredita, de fato, que a educação muda o mundo. É um trabalho silencioso, e talvez por isso tão poucas pessoas saibam que, passada a enchente, a Jama ajudou a recuperar escolas destruídas (eu mesma só soube numa conversa com o secretário municipal da Reconstrução, Germano Bremm).
A nova/velha causa abraçada por seu Jayme o aproximou de Priscila Cruz, uma das pessoas mais comprometidas com o futuro da educação. Da secretária de Educação, Raquel Teixeira. De Mônica Timm de Carvalho, da plataforma Elefante Letrado. Cito essas três mulheres porque sei que são do fã-clube de seu Jayme, mas poderia ficar horas mencionando outros interlocutores que partilham da mesma crença e que nestes 90 anos gostariam de desejar vida ainda mais longa ao nosso inspirador.