Se fosse um livro de ficção, alguns trechos de Dody Sirena - Os Bastidores do Show Business (Editora Matrix, 272 páginas) poderiam parecer inverossímeis. Mas as provas estão aí para atestar que o gringuinho de Caxias, safra 1960, foi desde menino um trabalhador obstinado. E que fez de cada obstáculo um trampolim para saltos mais altos.
Ouvi falar de Dody pela primeira vez quando era uma universitária tão pobre que não podia frequentar as festas organizadas pela dupla Dody & Cicão, sonho de consumo dos jovens do meu tempo e que, sabe-se lá por quê, eu sempre rimava com Saco & Cuecão, a loja da Galeria Malcon que tinha as roupas mais desejadas nos nossos 18, 20 anos.
O livro é um caso impressionante de ascensão no complexo mundo do entretenimento. Dos bailinhos organizados por Dody & Cicão nasceu a DCSet, sinônimo de conexão com grandes artistas e com produções de sucesso como o Rock in Rio e o Planeta Atlântida, até chegar a projetos empresariais mais ousados em que Dody resolveu apostar suas fichas, como o Club Med que está nascendo em Gramado. Esse por certo será tema de outro livro, porque o jogo mudou de fase, e Dody não para.
São especiais os capítulos que relatam a relação de Dody com o rei Roberto Carlos, de quem ele foi empresário por 30 anos e para quem organizou shows memoráveis, como o realizado em Israel e transmitido pela TV Globo. Também fascinante a história da relação com Julio Iglesias, primeiro grande teste para a inteligência emocional que Dody tem de sobra e por isso transita tão bem em todo tipo de terreno.
Algumas das histórias do livro eu já conhecia, como a de quando era pobre e se apaixonou pela bela Fernanda, rainha das Piscinas, modelo de sucesso, e achou que ela jamais lhe daria bola. Isso ele contou no Palácio Piratini, no lançamento do projeto do Club Med Gramado, provocando risos na plateia. Os dois estão casados, têm dois filhos e são parceiros de todas as horas.
O livro deveria ter tido uma sessão de autógrafos no Embarcadero, outro projeto que tem as digitais de Dody, mas a enchente de maio impediu. Envolvida com política sete dias por semana, deixei-o de lado até o dia 4 de setembro, quando me internei para uma cirurgia ortopédica e o levei para o hospital.
No Mãe de Deus, o livro de Léa Penteado me ajudou a tornar agradáveis as horas de recuperação. O texto é fluido, escrito por uma jornalista que passou boa parte da vida trabalhando na cobertura de eventos culturais e conheceu Dody nos bastidores. Fala, portanto, com conhecimento de causa porque foi testemunha de boa parte das histórias contadas no livro, mas o conjunto da obra é composto por depoimentos de dezenas de pessoas que conviveram com a serenidade, a elegância e a competência do Midas do entretenimento.