Já contei essa história aos assinantes de GZH. Agora, atualizo com a esperança de ajudar quem sofre com dores no quadril e não tem coragem de encarar a cirurgia.
No início de julho, quando tirei férias no verão nordestino, houve um dia em que senti uma dor absurda no quadril direito. Minha irmã precisou me ajudar a subir na cama. Culpei a praia de João Pessoa, com uma inclinação de uns 20 graus, por onde eu tinha caminhado oito quilômetros dois dias antes. Minha irmã achou que eu tinha me desiquilibrado no mar e forçado a perna direita. A dor melhorou, mas ia e voltava. Uma semana depois, em São Paulo, precisei fazer uma sessão de fisioterapia porque estava com dificuldade de andar.
Voltando para Porto Alegre, a dor ficou mais esparsa e passei a trabalhar normalmente, embora tenha parado de fazer caminhadas até ficar bem. Minha filha cansou de sugerir que fosse ao médico, mas a teimosa aqui nunca achava tempo. Foi preciso que a dor piorasse muito para eu procurar a emergência de ortopedia do Hospital Mãe de Deus.
O raio X não deixou dúvida: uma osteonecrose na cabeça do fêmur e uma pequena fratura. A ressonância e a tomografia confirmaram. Os médicos foram unânimes em dizer que a solução era uma cirurgia para colocação de prótese no quadril.
Eu não queria me afastar antes da Expointer e da série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Porto Alegre. A Expointer passou, entrevistamos a deputada Maria do Rosário e o prefeito Sebastião Melo no Atualidade.
Fiz a cirurgia na quinta-feira por volta do meio-dia. Na manhã seguinte, o fisioterapeuta me tirou da cama para dar os primeiros passos. Faço duas sessões de fisioterapia por dia, o que significa uma série de exercícios e caminhar pelos corredores com a a ajuda de um andador. Algum problema? Nenhum. A cada dia acordo melhor e o tempo todo penso nas pessoas que estão na fila do SUS ou do seu convênio esperando por uma cirurgia capaz de libertar a pessoa de dores indescritíveis. Penso, também, nos que sofrem por medo de trocar um osso estragado por um conjunto novinho de titânio e cerâmica, capaz de te devolver a mobilidade.
O fato ter passado por aqui para escrever esta crônica não significa que voltei ao trabalho. Estou apenas atualizando a situação para os leitores que me acompanham nesta jornada. Ficarei mais alguns dias em repouso. Na volta, inicialmente trabalharei em casa, o que aprendi a fazer no tempo da pandemia. Bendita seja a tecnologia. A expectativa é estar 100% no dia da eleição.
Aqui no hospital estou aproveitando para ler a magnífica biografia de Dody Sirena sobre a qual falarei em outra oportunidade. Enquanto espero a hora de ir para casa, minha janela é um pedaço do bairro Menino Deus e outro do Santa Tereza. Impossível não cantarolar Menino Deus, a canção que Caetano Veloso fez para este pedaço charmoso de Porto Alegre.