O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
O PT de Caxias de Sul vai decidir nesta quarta-feira (9) para quem irá direcionar os votos de 61.684 eleitores que escolheram, sem sucesso, a deputada Denise Pessôa para ser a próxima prefeita da cidade. A tendência é que o diretório petista se reúna para confirmar um voto crítico à reeleição de Adiló Didomenico (PSDB) contra Maurício Scalco (PL).
O cenário no segundo maior colégio eleitoral do Estado repete a disputa pelo governo gaúcho em 2022. Na ocasião, PL (com Onyx Lorenzoni) e PSDB (com Eduardo Leite) chegaram ao segundo turno, deixando para trás o PT de Edegar Pretto. Para a votação derradeira, os petistas anunciaram voto crítico à Leite, que foi reeleito.
Denise diz que recebeu ligação dos dois candidatos caxienses na segunda-feira (7), mas só atendeu à Adiló:
— Conversei com ele (Adiló) rapidamente. O Scalco me ligou logo na manhã seguinte (das eleições), mas preferi dar um tempo. Ele disse que não ligou, mas ligou. Mas a gente conversa, não tem problema de conversar.
Mesmo com a derrota por menos de 3 mil votos, o sentimento entre a deputada e os petistas é de que foi uma boa campanha. O PT avalia como positiva a mobilização da militância que foi às ruas, e entende que ter indicado uma mulher alavancou as candidaturas femininas ao Legislativo: foram sete eleitas, a maior representatividade da história do município.
Se a ideologia já bastaria para naturalmente afastar os eleitores petistas do candidato do PL — amplamente apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha —, a candidata a vice de Scalco, Gladis Frizzo, tratou de rejeitar completamente o apoio da esquerda. Quando foi questionado em entrevista à Rádio Gaúcha Serra, o liberal se esquivou, e afirmou apenas que trabalha para reunir pessoas que acreditam no seu projeto.
À coluna, o prefeito Adiló também não foi claro. Disse que não rejeita o voto de ninguém e pregou a união por Caxias, mas avaliou que o eleitor está preocupado mesmo é com o que vai ser feito nos próximos anos, e não com alianças. Alinhado com a centro-direita, o atual prefeito teme perder votos para Scalco se fizer acenos positivos à esquerda.
"Ambiente pesado" no MDB
Depois de amargar o último lugar, com apenas 8,17% dos votos válidos para Felipe Gremelmaier, e sem conseguir eleger um vereador sequer, o MDB vai ter reuniões nesta semana para selar seu destino na segunda rodada do pleito. Com ligações na centro-direita, os emedebistas poderiam abrir o voto ou optar por qualquer um dos dois caminhos.
— Apesar da votação, a gente conseguiu mostrar o que a gente acredita de cidade, fizemos uma campanha bem propositiva. Agora vai ter que ser feita uma reorganização, uma análise interna rigorosa. Internamente, temos que repensar algumas ações, temos a necessidade de criarmos novas lideranças — avalia Gremelmaier, após o desempenho fraco do partido.
Com o resultado, os relatos são de "ambiente pesado" nos bastidores do MDB em Caxias. A presença maciça do ex-governador e ex-prefeito José Ivo Sartori nas campanhas não bastou para alavancar candidaturas.
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