Sem risco de cadeiradas e provocações vazias, o debate que a Rádio Gaúcha promove nesta quarta-feira (25) será uma oportunidade singular para os candidatos a prefeito de Porto Alegre conquistarem os votos dos indecisos ou daqueles eleitores que já escolheram em quem votar, mas estão dispostos a mudar se forem convencidos de que vale a pena.
Para isso, será importante que Felipe Camozzato (Novo), Juliana Brizola (PDT), Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB) aproveitem cada segundo para dizer não apenas o que vão fazer, mas como farão para cumprir as promessas que estão fazendo no horário eleitoral.
É preciso que as promessas caibam dentro do orçamento. Não basta dizer que dinheiro há, sem especificar a origem ou o que será cortado para inverter as prioridades. O eleitor não é bobo e sabe que não se farão escolas de tempo integral do dia para a noite, nem substituição de bombas, nem eliminação das filas para consultas especializadas e cirurgias ortopédicas. É preciso que sejam apresentados prazos, em vez de generalizações como “vou trabalhar em parceria com o setor privado” para fazer isto ou aquilo.
Os candidatos precisam falar sobre prevenção às cheias, mesmo que o assunto pareça batido, e também sobre planos de contingência para o caso de ocorrer outra enchente antes que as obras de médio e longo prazo estejam concluídas. Têm de ser mais específicos em relação aos projetos habitacionais, porque ninguém mais aguenta promessas do tipo “vou resolver o problema da moradia”. Devem provocar os adversários a discutirem a fundo os problemas da educação em Porto Alegre — da falta de vagas em creches ao péssimo desempenho dos alunos no Ideb e nos testes de avaliação.
Quando se falar de saúde, não basta dizer que o atendimento vai melhorar. Precisam apresentar um plano para tirar do sofrimento as milhares de pessoas que aguardam anos por uma cirurgia ortopédica, sofrendo dores que um procedimento relativamente simples eliminaria. Se a ideia são mutirões, como, quando e com que dinheiro serão feitos — e isso vale para todas as especialidades, incluindo o diagnóstico e o tratamento do câncer, em que tempo pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Se o tema for desenvolvimento econômico, não basta defender a liberdade econômica sem especificar que tipo de estímulo se dará aos investidores, considerando-se que não é só incentivo fiscal que faz diferença na hora de uma empresa escolher onde vai se instalar. Da mesma forma, falar de inovação contando com as empresas é fazer cortesia com o chapéu alheia. O eleitor quer saber de inovações no setor público, para tornar os serviços mais eficientes e a cidade mais adequada ao convívio da população.
Não pode faltar no debate desta quarta-feira um capítulo sobre transporte público. Sem demagogia, sem escapismo e sem transferência de responsabilidade. É preciso que se aponte o caminho para estimular o uso do transporte coletivo, porque a queda no número de passageiros encarece a tarifa para quem não tem outra opção. Os ônibus vão ter ar-condicionado ou os passageiros vão fritar no verão com a desculpa de que o sistema não comporta melhorias na qualidade dos coletivos?
Há outros temas importantes que têm sido pouco abordados, como a preservação ambiental, o recolhimento de lixo, a separação dos resíduos, com a destinação correta de cada um, o tratamento de esgotos (hoje muito aquém do razoável), a conservação das ruas, o novo plano diretor (que será votado pela Câmara, mas o Executivo apresenta sua visão de cidades).
O debate será transmitido a partir das 8h10min no espaço do Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha e no YouTube de GZH. O encontro terá mediação da jornalista Andressa Xavier e reúne os quatro candidatos de partidos e federações que têm pelo menos um representante no Congresso Nacional: Felipe Camozzato, Juliana Brizola, Maria do Rosário e Sebastião Melo.
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