O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Os mais desavisados que circulam pelas ruas de Osório podem até esquecer que em menos de duas semanas terão que ir às urnas escolher prefeito e vereadores. Pelos canteiros e praças da cidade no Litoral Norte não estão espalhadas as dezenas de wind banners (aquelas bandeirolas verticais em formato de vela de barco), nem se veem placas nas grades das casas ou carreatas com candidatos à prefeitura. A campanha "limpa" é resultado de um acordo firmado entre PDT e MDB, que concorrem pela sucessão municipal.
O cenário é completamente diferente da Capital, por exemplo. Desde o final de agosto, é inevitável circular pelas ruas de Porto Alegre e não cruzar com alguma propaganda política, normalmente um wind banner. Esta não é uma exclusividade porto-alegrense, já que, desde 2020, este se tornou um dos poucos formatos permitidos pela legislação eleitoral para anúncios políticos.
Em nome de uma cidade mais limpa, representantes das candidaturas de Romildo Bolzan (PDT), Roger Caputi (MDB) e Cristiano Zart (PL, que desistiu da corrida em 17 de agosto e anunciou apoio a Caputi) renunciaram ao direito de espalhar bandeiras e wind banners pela cidade, assim como à realização de carreatas e de levar propaganda às residências da cidade do Litoral Norte (em lonas, placas ou adesivos fixados em portas ou janelas). Pequenas passeatas de carro ainda estão autorizadas para os candidatos ao Legislativo.
Para contornar a falta de divulgação visual das campanhas, os candidatos apostam na comunicação porta a porta, na tentativa de traduzir o diálogo mais direto com o eleitor em votos na prática. A justificativa dos partidos é que a campanha pelas redes sociais e com o diálogo tête-à-tête é mais efetiva. Além disso, sem as bandeirolas espalhadas pelos canteiros do município, os partidos economizam na produção de materiais e podem aplicar em outros fins da campanha.
— Isso surgiu na ideia de deixar uma cidade mais limpa, ser algo mais evoluído em termos de debates, propostas, conversas, e não tão voltado ao visual. Apesar de serem dois partidos opostos, que têm uma histórica rivalidade sadia, foi um comum acordo, o pessoal é civilizado, jogamos transparente — diz Bruce Paz, presidente do MDB local.
De acordo com o presidente do PDT, Vinícius Fich, a relação amistosa entre as siglas vem desde as eleições de 2020. Na época, os partidos acordaram em enviar uma notificação prévia para regularização de propaganda eventualmente irregular (como dimensões erradas das placas nas grades) antes de relatar o caso à Justiça Eleitoral.
— Então, a gente já vem nessa cultura. Só que agora a gente acabou estendendo e fez esse acordo abrindo mão de direitos que a lei nos dá de propaganda, visando economicidade, menor poluição visual e até mesmo preservação do meio ambiente. Foi de comum acordo entre os partidos — relata Fich.
Na disputa pela sucessão em Osório, ambas as legendas estão otimistas para o resultado do pleito. O MDB destaca a aceitação e a gestão do prefeito Roger Caputi para confiar na vitória, enquanto o PDT acredita na força do ex-prefeito Romildo Bolzan Jr. para voltar ao comando da cidade.
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