Todas as vezes em que concorreu, seja a vereador, prefeito ou deputado, Sebastião Melo preencheu o questionário da Justiça Eleitoral como sendo de cor branca. Agora, mudou para "pardo". A mudança, percebida pelo Jornal O Globo, está causando furor nas redes sociais, mas basta conhecer o prefeito ou olhar para as fotos dele para concluir que estava errado antes, não agora.
Ao jornal, a campanha de Melo explicou que "o MDB de Porto Alegre fez uma correção histórica em relação à cor".
Goiano de nascimento, Melo desembarcou em Porto Alegre em 1978, sem eira nem beira, como costuma dizer. Estudou, formou-se em Direito e entrou na política pelo MDB, em um tempo em que no registro não se perguntava a cor do candidato. A eleição presidencial de 1989 teve um candidato que se registrou como Marronzinho.
A partir de 2014, quando a autodeclaração e raça se tornou obrigatória, era incomum as pessoas se declararem pardas. Quem não fosse negro se declarava branco, mesmo sendo “mulatinho”, expressão que Fernando Henrique Cardoso usou para se definir e que hoje é considerada politicamente incorreta.
Melo não tem nenhuma vantagem em declarar-se pardo. Não ganhará mais dinheiro do fundo eleitoral por não ser branco, já que se trata de eleição majoritária. E, sendo candidato à reeleição em uma das principais capitais do país, naturalmente é uma das prioridades do MDB na hora dividir o bolo do fundo.
Intimado sobre a declaração de cor, Melo confirmou a informação prestada "visto que a autodeclaração manejada corresponde à realidade étnica do declarante, portanto tratando-se de correção histórica étnico-racial".
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