O fato de o PSDB não ter conseguido viabilizar a candidatura de Nelson Marchezan, por falta de apoio político, confirma que ser do partido do governador tem pouca ou nenhuma influência na eleição de Porto Alegre. Um estudo do cientista político Carlos Borenstein mostra que só uma vez desde 1985 o prefeito eleito era do partido do governador. A coincidência ocorreu em 2000, quando Olívio Dutra era governador Tarso Genro se elegeu prefeito com 48,72% no primeiro turno e 63,51% no segundo.
É preciso registrar que o PT vinha de uma sequência de vitórias, iniciada por Olívio em 1988. Depois vieram Tarso em 1992 e Raul Pont em 1996. O governador teve pouca ou nenhuma influência no resultado, dado que o Estado vivia uma crise tão profunda que, em 2002, Tarso largou a prefeitura e derrotou Olívio na prévia do PT e perdeu a eleição de governador para Germano Rigotto (MDB).
Em todas as outras eleições, o candidato do partido do governador em Porto Alegre só não foi um fracasso retumbante em 2016, quando José Ivo Sartori (MDB) era governador e Sebastião Melo chegou ao segundo turno, com 25,93% dos votos, mas perdeu a eleição para Nelson Marchezan (PSDB). O mesmo Marchezan concorreu à reeleição quatro anos depois e nem mesmo chegou ao segundo turno, embora tenha feito 21,1% dos votos.
Já na primeira eleição para prefeito das capitais, que antes tinham seus prefeitos indicados pelo governo militar, o candidato do então governador Jair Soares (PDS, hoje PP) ficou em quarto lugar, com 10,23% dos votos. Naquela época não havia segundo turno e o eleito foi Alceu Collares (PDT). Três anos depois, com Pedro Simon governador pelo MDB, seu candidato, Antônio Britto, também ficou em quarto lugar, com 11,33%.
Da prefeitura Collares passou a governador em 1990 e, em 1992, seu candidato, Carlos Araújo (PDT) ficou em terceiro lugar com 12,82% dos votos. Quatro anos depois, sob governo de Antônio Britto (MDB), Paulo Odone protagonizou um fiasco eleitoral: fez somente 5,29% dos votos.
Em 2004, com Rigotto governador, o candidato do MDB a prefeito foi Mendes Ribeiro Filho, que ficou em quarto lugar, com 5,89% dos votos. O pior resultado foi obtido por Nelson Marchezan (PSDB), na eleição de 2008, quando Yeda Crusius era governadora: fez 2,83% dos votos e ficou em sexto lugar. Fogaça foi reeleito.
No governo de Tarso Genro, em 2012, o PT não quis abrir mão da cabeça de chapa para Manuela D’Ávila e lançou Adão Villaverde, que fez apenas 9,64% dos votos e ficou em terceiro lugar. O eleito foi José Fortunati.