Naqueles terríveis dias de maio — em que o Rio Grande do Sul ficou debaixo d’água, sem aeroporto, sem trem e com o Parque Asis Brasil alagado — quem dissesse que a Expointer se realizaria na data tradicional seria chamado de louco. O mais tradicional evento do agronegócio gaúcho esteve mesmo ameaçado de não sair.
Cogitou-se a possibilidade de alterar a data, mas como isso acabaria tumultuando o calendário de feiras, os organizadores tomaram a corajosa decisão de realizar a 47ª Expointer, mesmo que fosse menor em número de expositores e visitantes.
Ninguém queria assinar um atestado de fraqueza. O governador Eduardo Leite entendia que cancelar a Expointer daria um péssimo sinal para o público do Estado e o que vem de outras regiões. As entidades envolvidas na organização concordaram que era preciso fazer da Expointer um símbolo da retomada e assim será.
Antes da abertura dos portões ao público, líderes dos diferentes segmentos que fazem a Expointer se encontraram no já tradicional almoço oferecido pelo Grupo RBS para marcar o início da feira. Mesmo com a perspectiva realista de não repetir o público nem o volume de negócios de 2023, o consenso nas conversas era de que o Rio Grande do Sul precisava dar essa demonstração de resiliência.
O presidente do sistema Ocergs, Darci Hartmann, sintetizou o espírito da feira em conversa com a coluna:
— Chega de ficarmos chorando pelo que perdemos. Isso não vai nos ajudar a levantar. Temos de ter altivez e trabalhar por soluções. Agora é bola pra frente.
Mesmo com o produtor empobrecido e ainda aguardando o anúncio de medidas pelo governo federal, Hartmann acredita que o Rio Grande do Sul está no caminho da superação.
Neste sábado, quando os portões se abrirem para o público, poucos acreditarão que em alguns pontos do parque a água chegou a cerca de dois metros de altura. A Expointer da enchente será melhor do que a da pandemia, em 2020, quando se realizou de forma virtual. Provavelmente, também será melhor do que a de 2021, quando os visitantes ainda precisaram usar máscara para circular pelos pavilhões.
A semana promete ser ensolarada, o que é meio caminho andado para a atração de visitantes, mesmo sem trem, sem aeroporto e com obras que dificultam o trânsito na BR-116.
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