Caiu como bomba no Solidariedade a informação de que o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati se filiou ao partido e de que assumiria a presidência da legenda no Rio Grande do Sul. Presidente estadual do Solidariedade, o vereador Cláudio Janta reagiu indignado, cobrou explicações da direção nacional e ameaçou deixar a sigla se a entrada fosse concretizada.
Diante da reação de Janta, o secretário-geral nacional do Solidariedade, Luiz Adriano da Silva, informou que as filiações de Fortunati e de aliados que integrariam a nova direção estadual do partido foram anuladas.
— Isso é normal do Fortunati. Quando ele foi candidato do PTB (a prefeito, em 2020), ele não ouviu ninguém, botou um vice que era inelegível. Aconteceu no União Brasil, onde ele abandonou o Leite e foi apoiar o Argenta ainda no primeiro turno. Não me surpreende, é a postura do Fortunati. Esse é o caráter dele. Se ele entrar, eu saio — disparou Janta.
Apesar do relato de surpresa, Janta sabia há pelo menos duas semanas que Fortunati conversava com a direção nacional para se filiar ao Solidariedade com a missão de estruturar a sigla no Estado.
No dia 7 de fevereiro, Fortunati e Janta participaram de reunião online para discutir a filiação e os rumos do partido no Rio Grande do Sul. Estiveram no encontro virtual os secretários nacionais do Solidariedade Luiz Adriano da Silva e Felipe Espirito Santo, e Rubens Rebés, que seria secretário-geral na nova diretoria estadual. Janta sustenta que se opôs à entrada de Fortunati na própria reunião.
À coluna, Fortunati confirma que acertou a sua entrada no Solidariedade com a direção nacional. O ex-prefeito diz manter boa relação com o presidente do partido, Eurípedes Junior, e ressalta que também recebeu o aval do vice-presidente Paulinho da Força.
Fortunati detalha que recebeu a missão de estruturar o Solidariedade no Interior visando à disputa de 2026, quando deseja concorrer novamente a deputado federal. O objetivo do partido é aumentar o número de votos nos Estados para eleger parlamentares, superar a cláusula de barreira e ter acesso aos recursos do fundo eleitoral.
— Foi feito o convite pela direção nacional, com o papel de organizar o Interior do Estado. Ele (Janta) ficou incomodado, fazer o quê.
Fortunati diz que não será candidato nas eleições municipais de 2024. No início de fevereiro, ele contou à coluna que foi contratado para coordenar a implementação da usina de etanol de Viadutos, no norte do Estado, com investimento previsto em R$ 800 milhões.
Vice-presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força reconhece a existência da negociação com Fortunati, mas diz que o partido decidiu não filiar o ex-prefeito. Paulinho confirmou à coluna que Janta seguirá na presidência estadual do partido.
— O partido avalia se vale a pena trocar um grupo que está no poder por outro. É uma decisão partidária. Não vale a pena. Resolvemos não seguir em frente nessa conversação com ele (Fortunati) — explicou Paulinho.