Preocupados com a possibilidade de fechamento de leitos nos hospitais filantrópicos de Pelotas, que são referência no atendimento na região, prefeitos das 22 cidades que integram a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) estão pedindo socorro ao governo federal. A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, aproveitou a caravana do governo federal, que despachou na Fiergs nos últimos dois dias, e entregou uma carta ao ministro Paulo Pimenta, pedindo que interceda junto ao Ministério da Saúde para estruturar um plano capaz de mitigar a crise enfrentada pelos hospitais.
Paula disse à coluna que a situação é gravíssima e que os hospitais ameaçam fechar não apenas leitos clínicos, mas de UTI, incluindo o tratamento intensivo para crianças:
— O fechamento de leitos clínicos nós até podemos fazer uma reorganização, mas de UTI neonatal, pediátrica e adulto, em que a oferta já é deficiente, não podemos abrir mão.
Paula esteve na Fiergs acompanhada do presidente da Câmara de Pelotas, César Brisolara, e do prefeito de Morro Redondo, Rui Brizolara (União Brasil). O documento assinado pelo prefeito Marco Antonio Barbosa, prefeito de Chuí e presidente da Azonasul, diz que que os quatro hospitais filantrópicos de Pelotas atendem cerca de um milhão de habitantes e registram crescente déficit financeiro, "o que ocasionará o encerramento de vários leitos, tanto UTIs, como clínica geral, causando um colapso sem precedentes à saúde e colocando em risco a maioria da população". A Zona Sul gaúcha tem praticamente 95% de seus cidadãos dependentes do Sistema Único de Saúde.
Os prefeitos encaminharam ofício assinado pelos gestores dos hospitais São Francisco de Paula, Espírita, Beneficência Portuguesa e Santa Casa de Misericórdia mostrando o tamanho da crise. Em duas páginas, os dirigentes dos hospitais relatam que deram prazo de 10 dias para começar o processo de redução de leitos. Se nada for feito, o desmonte começará pela desativação de 34 leitos de internação e clínica geral nesses hospitais, para reduzir os prejuízos, dado que o SUS não cobre os gastos com os pacientes.
Se não houver ajuste nos valores, em 30 dias serão desativados 30 leitos de UTI, sendo 10 na Santa Casa, 10 na Beneficência e 10 no São Francisco de Paula. O Espírita é especializado em doenças mentais e não tem leitos de UTI.
A Santa Casa já desativou 10 leitos de UTI e prevê fechar 12 de clínica geral em 2023. A Beneficência demitiu 200 funcionários, fechou 26 apartamentos e está propondo desativar 10 leitos clínicos. O São Francisco planeja desativar 13 leitos de clínica geral.
As quatro instituições que assinam o documento dizem que o prejuízo mensal no primeiro semestre de 2023 foi superior a R$ 3 milhões e que deve bater em R$ 4 milhões ao fechar a contabilidade do quarto trimestre.
Pimenta ouviu a demanda dos prefeitos e garantiu uma audiência com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que virá a Bento Gonçalves na próxima semana, para reunião do Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde. Os prefeitos também vão tentar obter recursos para os hospitais filantrópicos por meio de emendas parlamentares.