A saída do professor Paulo Burmann do cargo de diretor-geral da Secretaria da Educação é um ato individual e, pelo menos por enquanto, não terá impacto na relação do PDT com o governo de Eduardo Leite. O PDT seguirá ocupando a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional, com Gilmar Sossella, e a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social.
O presidente do PDT, Romildo Bolzan Júnior, diz que o PDT vem há tempo acompanhando o desgaste de Burmann e o apoia. O professor vem maturando a saída desde que constatou a impossibilidade de aplicar as políticas do PDT na Educação.
— O governo era sabedor dessa insatisfação faz algum tempo — disse Romildo à coluna.
Uma das bandeiras de Burmann e do PDT, a escola de tempo integral, ainda patina.
A carta de Burmann é uma espécie de roteiro para o governador fazer correções de rota. Na condição de diretor-geral, ele aponta gargalos que impedem o avanço de obras em escolas e cita passivos que deveriam ser resolvidos imediatamente. Diz, por exemplo, que "há um passivo de infraestrutura que se acumula há mais de oito anos, agravado por entraves técnicos e burocráticos". Outro passivo é o de PPCI dos prédios escolares que, segundo Burmann, não vem recebendo a devida atenção.
Alguns dos pontos citados não chegam a ser novidade: quase 2 mil escolas sem quadra esportiva e/ou salão de eventos/área de recreação na forma de pavilhão coberto/fechado, programa Escola Aberta suspenso e sem definição de futuro, programa Escola Melhor, Sociedade Melhor que não deslanchou por falta de articulação política e incentivo à comunidade.
Burmann diz ainda que "há um grande volume de emendas parlamentares disponíveis, inclusive de exercícios anteriores, ainda aguardando execução". Outro ponto destacado pelo professor está diretamente ligado às consultorias contratadas na gestão da secretária Raquel Teixeira. Diz Burmann no item 11 da carta:
"Preocupa o elevado volume de recursos empenhados em consultorias que poderiam ser realizadas, quando necessárias, junto às instituições gaúchas capacitadas e que conhecem a realidade gaúcha".
Com a saída do governo, Burmann poderá se dedicar às articulações para ser candidato a prefeito de Santa Maria. Ele é o principal nome do PDT na cidade.