Foi assim em 2020 e 2022, com o MDB fazendo barro em torno do ex-governador José Ivo Sartori para convencê-lo a ser candidato. Primeiro, a prefeito de Caxias. Depois, a governador ou senador. Sartori sorria, dava uma resposta diplomática, e o partido entendia como um sinal de que seria sim. Agora, a história se repete: o MDB convocou Sartori a ser candidato a prefeito de Caxias, cargo que ocupou por duas vezes.
O apelo foi feito no fim de semana, durante o encontro batizado de Mobiliza 15, mas a repercussão deve continuar pelos próximos dias. Poque Sartori não disse sim. Nem não. E isso alimenta a esperança dos líderes do MDB de ter um candidato competitivo na terra dos governadores, um colégio eleitoral estratégico por ser o segundo maior depois de Porto Alegre.
No encontro, o presidente estadual do MDB, Fábio Branco, falou do quanto o protagonismo eleitoral do partido no município em 2024 é importante para o contexto político. E fez a convocação direta a Sartori:
— Eu não poderia deixar de pedir ao nosso sempre governador Sartori para liderar esse projeto — discursou Fábio, interrompido por gritos de "gringo, gringo, gringo".
Radical da cautela, como se definiu quando ainda era deputado estadual, Sartori abriu um sorriso de orelha a orelha, agradeceu pelo gesto e respondeu:
— Recebo todas as manifestações com muito carinho. Não adianta só buscar pessoas. É preciso construir unidade e um projeto para o município.
Sem desencorajar os incentivadores de sua pré-candidatura, que não teria adversários, sugeriu que a definição de nomes fique para o ano que vem.
— É preciso manter a humildade, a simplicidade e a responsabilidade. E sempre, com o pensamento voltado para o futuro — filosofou.
Mas por que agora seria diferente de 2020 e de 2022? Os emedebistas notam que nas duas últimas eleições o ex-governador ainda estava no seu período sabático. Agora não. Sartori tem participado de todos os eventos do MDB, dentro e fora de Caxias, e sabe que, se o candidato for ele, o MDB tem chance de construir uma aliança ampla e vencer. Se não for ele, terá de se contentar com o papel de coadjuvante. E se faltava um motivo para estreitar os laços com a cidade, ele agora tem: É Francisco Borges Sartori, o netinho de oito meses.